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Adeus ao ícone dos quadrinhos

Criador de populares heróis e vilões da Marvel Comics, Stan Lee morre aos 95 anos

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
13/11/2018 | 09:04
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Wikimedia Commons/Divulgação


A cultura pop está de luto. O quadrinista norte-americano Stan Lee morreu aos 95 anos. Ele morava na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, e passou mal na manhã de ontem em sua casa, sendo levado para hospital local para atendimento, mas não sobreviveu a complicações de saúde. A causa da morte ainda não foi confirmada, mas ele convivia com problemas regulares de pneumonia. Em julho de 2017, sua mulher Joan Lee, com quem ficou casado por 69 anos, foi vítima fatal de um derrame. Ele deixa a filha Joan Celia Lee.

Uma das figuras mais carismáticas do mercado do entretenimento, Stanley Martin Lieber deixa como legado profissional a criação de alguns dos heróis e vilões mais conhecidos, casos de Homem-Aranha, Hulk, Pantera Negra, Homem de Ferro, Doutor Estranho e o Quarteto Fantástico, todos da Marvel Comics, onde foi co-criador e atuava como editor, escritor e produtor. Seus principais trabalhos foram marcados por icônica parceria com o desenhista Jack Kirby (1917-1994), a exemplo do universo cósmico do Thor e da pluralidade por trás dos integrantes dos X-Men, com Lee responsável pela concepção dos contos e o amigo ilustrando as ideias. Apesar dos temas diversos das histórias, elas mudaram a jornada da linguagem ao humanizar os protagonistas e os deixando mais perto do dia a dia dos leitores.

“Marvel e toda a The Walt Disney Company (atual dona da editora em todos os setores) saúdam a vida e carreira de Stan Lee e oferecem sua gratidão eterna por suas realizações inigualáveis dentro de seus salões. Toda vez que você abrir uma história em quadrinhos da Marvel, Stan estará lá”, declarou a Marvel em homenagem. “Ele mudou a forma como nós olhamos para os heróis e os quadrinhos modernos vão sempre contar com a marca indelével dele. Seu entusiasmo contagiante nos lembra por que nós todos nos apaixonamos por essas histórias pela primeira vez”, declarou a DC Comics, rival da editora na qual trabalhou.

Ao estourar a bolha em torno dos quadrinhos e aparecer diante de outras mídias, o quadrinista botou à prova seu carisma – e os característicos bigode e óculos escuros – junto ao público. Sua popularidade também chamou a atenção dos tablóides, com o último ano do norte-americano marcado também por revelação de supostos conflitos com a filha e acusação de abuso sexual por enfermeiras.

A presença era tão marcante no meio das HQs que as adaptações dos personagens para o cinema também contou com sua participação. Na verdade, diversas participações. Após estar por poucos segundos no longa Homem-Aranha (2002), todos os outros filmes que envolvem seus personagens encontraram espaço para as aparições, sejam elas em interação com os protagonistas ou não. Em 2019, a Marvel Studios colocará nas salas três filmes e, provavelmente, Lee já tinha gravado suas cenas.

Humanização de personagens ajudou a formatar HQs atuais

O trabalho de Stan Lee nas últimas cinco décadas foi essencial para formatar os quadrinhos de super-heróis como os conhecemos hoje em dia, com a humanização desse universo sendo a grande sacada.

“Seus roteiros eram mais modernos e os diálogos estavam mais próximos de uma conversa entre pessoas reais. Os personagens carregavam uma carga de defeitos e humanidade que foram grande novidade para a época”, explica o jornalista André Morelli, escritor especializado em cultura pop e colaborador da revista Mundo dos Super-Heróis, sobre o início do reconhecimento do quadrinista, nos anos 1960.

A criação de figuras de sucesso e o papel de artista-símbolo da Marvel Comics deixam importantes marcas, mas, talvez, sua melhor história seja sobre persistência. “O Quarteto Fantástico, primeiro grande acerto de Lee, surgiu depois de carreira de 20 anos sem nenhum destaque. O Homem-Aranha, sua maior criação, nasceu quando estava prestes a completar 40 anos. Nunca é tarde demais para começar.” 




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