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Dia de Finados não anima floriculturas pelo 2º ano seguido

Comércio de flores da região diminui em até 20% o estoque para a data; aposta é de manutenção nas vendas em relação ao ano passado

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
31/10/2018 | 07:21
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Pelo segundo ano consecutivo, as floriculturas do Grande ABC não estão otimistas com o Dia de Finados, celebrado na sexta-feira, dia 2 de novembro, e projetam manutenção das vendas em relação a 2017. Segundo estabelecimentos consultados pelo Diário, a expectativa para a data ainda reflete a crise econômica, que segue reduzindo o poder de compra dos consumidores. Além disso, o fato de o feriado ser prolongado aumenta o número de pessoas que viajam e, consequentemente, deixam de ir ao cemitério.

A falta de otimismo vai na contramão do clima de retomada apontado pelos indicadores econômicos. Por exemplo, o saldo (contratações menos demissões) de empregados na região encerrou setembro positivo em 2.024 trabalhadores, o melhor resultado desde 2013, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Do mesmo modo, a taxa básica de juros está em queda, em 6,5% ao ano, e a inflação segue controlada, atingindo 4,53% no acumulado de 12 meses – fatores que, para especialistas, indicam retomada econômica.

Sidnei Barros, proprietária da floricultura que leva o seu nome, em frente ao Cemitério do Curuçá, em Santo André, afirmou que as vendas devem se igualar às do ano passado porque em outras datas comemorativas no decorrer de 2018 a procura foi similar. “Caiu muito nos últimos anos, mas esperamos melhorar em 2019”, projetou para o ano que vem.

“Nos últimos três anos, por conta da crise, o pessoal tem comprado menos. Cada ano é uma caixinha de surpresas”, relatou Elias Vitorino, proprietário da Kátia Flores, situada próximo ao Cemitério Vale dos Pinhais, em Mauá. “No ano passado, no meio do dia, os vasos de crisântemos já tinham acabado. Mas em 2016, chegou a sobrar 20 caixas por conta da chuva”, completou Regina Helena, proprietária da floricultura Bubiju, localizada nos arredores do Cemitério Municipal de Diadema.

Assim, para evitar sobras, os comerciantes estão optando por diminuir o estoque para o feriado de 2018. “No ano passado reduzi minhas compras em 10% , em relação a 2016 e, neste ano, em 15%, ou seja, é pelo menos 25% menos do que eu vendia antes”, explicou Vitorino.

Na Cecília Flores, que fica nas proximidades do Cemitério da Saudade, em São Caetano, as compras para a data foram reduzidas em 20%. “Tudo tem diminuído neste ano. No Dia das Mães e dos Namorados já tivemos queda ante o ano passado”, observou Verônica Silva, proprietária. “Em 2017, mantivemos as vendas, mas, agora, há chances até de caírem.”

Vitorino assinalou que, no último ano, o custo das flores subiu cerca de 10%. Entretanto, o percentual não foi repassado “para não perder o cliente, e cativá-lo”.

A equipe do Diário entrou em contato com outras duas floriculturas de São Bernardo, porém, os funcionários não quiseram comentar as projeções para Finados. Um deles, inclusive, disse que “não tem o que falar, está tudo ruim”. Vale lembrar que a data é uma das principais do ano para a venda de flores.

Na Ceasa (Central de Abastecimento) Grande ABC, assim como nas floriculturas, a expectativa é de manutenção das vendas. “Após anos de queda, vender igual é algo positivo”, avaliou Fábio Vezzá De Benedetto, engenheiro agrônomo e responsável pelo mercado de flores. No local, a procura para o feriado chega a dobrar em relação a um dia normal.

MAIS POPULARES - O crisântemo segue como flor mais procurada para a ocasião. O vaso pequeno é encontrado a R$ 7, enquanto que o grande é comercializado a R$ 12 nas floriculturas da região. Quem optar por vaso de minirrosas, precisa desembolsar R$ 35. Já o botão da rosa é vendido entre R$ 2 e R$ 3,50.

No Walmart, além dos crisântemos, violetas e kalanchoes (popularmente conhecida como ‘flor da fortuna’), vendidos a partir de R$ 3,49, também lideram a procura no Dia de Finados. Sem informar preços, o Carrefour destacou as mesmas espécies como as mais vendidas.

De Benedetto assinalou que os preços estão similares a 2017, uma vez que, embora a demanda faça os valores subirem, o clima está mais favorável ante os últimos dois anos, quando o Estado passou por períodos de estiagem.

O engenheiro agrônomo pontuou que o preço no atacado chega a ser até 50% menor. A caixa com seis vasos do crisântemo, por exemplo, sai por R$ 35 – R$ 5,83 por unidade. No Ceasa Grande ABC, o mercado de flores é realizado hoje, das 5h às 10h e, na sexta-feira, a partir das 17h.
 




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