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Mais juros?
Luiz Aubert Neto
01/02/2011 | 07:22
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Temos acompanhado o cenário de guerra que se instalou no Rio de Janeiro, quadro crônico de terror, violência, medo e insegurança, em que o único prejudicado é a população, que acaba pagando com a própria vida. Mas o que vem ocorrendo no Rio de Janeiro é apenas retrato da situação em que se encontra o Brasil e, mais uma vez, estão tratando apenas o sintoma e não a causa.

A atual taxa Selic, que continua sendo a maior do mundo, impõe ao Brasil gasto anual de cerca de R$ 180 bilhões somente para o pagamento de juros da dívida pública. Além disso, a manutenção das atuais reservas cambiais tem custo de carregamento da ordem de R$ 50 bilhões. Ou seja, o Brasil gasta, por conta desta política monetária perniciosa, R$ 230 bilhões ao ano, enquanto a Educação e a Saúde Pública estão na UTI. Em 2010, o Brasil gastou apenas R$ 21 bilhões em Educação, R$ 49,7 bilhões em Saúde e R$ 5 bilhões em Ciência e Tecnologia (menos de 1/3 do que gastou com o pagamento de juros e com o custo de carregamento das reservas). Talvez, isso ajude a explicar o atual momento do Rio de Janeiro e, em geral, do Brasil.

O argumento para a elevação da Selic é, mais uma vez, o risco de aumento da inflação. Tentam vender a ideia de que há risco de descontrole da inflação, como se houvesse escassez de bens de consumo ou como se a taxa Selic fosse remédio eficaz para controlar os preços dos alimentos. Será que o aumento da taxa Selic é o antídoto adequado para segurar o preço do feijão, da batata, da carne ou das commodities.

A resposta é não! A verdade é que não há inflação de demanda no País, não há falta de bens de consumo e a Selic não é, há muito tempo, eficaz no controle do consumo que, basicamente, responde ao aumento da renda e à expansão do crédito. O Brasil precisa caminhar em outra direção, no rumo da desoneração, da reforma tributária, contenção dos gastos públicos e sua maior eficiência, redução da Selic, dos juros bancários em patamares minimamente civilizados e da diminuição do custo Brasil.

A taxa Selic elevada resulta numa transferência brutal de renda para um único setor e isso está fazendo o Brasil sangrar. Não precisamos de mais juros, necessitamos é de mais investimentos em Educação, Saúde e infraestrutura, para que os recentes acontecimentos do Rio de Janeiro deixem de fazer parte do nosso presente, passando a fazer parte de passado a ser esquecido.

 

Luiz Aubert Neto é presidente da Abimaq/Sindimaq.




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