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Satélites não é um espetáculo de dança convencional
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
15/04/2005 | 11:27
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Que o público não vá, nesta sexta-feira, ao Teatro Municipal de Santo André na expectativa de ver um espetáculo de dança convencional. Satélites, em cartaz apenas nesta sexta-feira, às 21h, no espaço andreense, é uma espécie de “instalação viva”, como define seu criador, Roberto Ramos, 39 anos. Em um quadrado de 8m x 8m, três performers desenvolvem seus movimentos a partir da dinâmica criada pela relação estabelecida com os objetos cênicos: três bolinhas coloridas. São elas que remetem aos satélites do título.

A diferença de Satélites para um espetáculo convencional começa já na sua gênese. O andreense Ramos, que nunca estudou dança, criou uma técnica intitulada Desenvolvimento Anímico do Movimento, ou DAM. “Anímico é tudo o que vem da alma. Temos basicamente três estados anímicos, interligados, que são o pensar, o sentir e o querer. Tudo o que uma pessoa faz, parte de pelo menos um desses três estados”, diz. Nessa construção, a ênfase é dada à sensação causada pelo movimento, e não à forma.

O DAM, por sua vez, surgiu da vontade de Ramos de criar uma espécie de ginástica que integrasse todos os sentidos. Formado em educação física, o andreense questionava a racionalidade do esporte, que tinha no movimento um meio para atingir o objetivo da vitória. “Nem passava pela minha cabeça a idéia de fazer dança. O que me seduzia era a satisfação de executar um movimento de forma plena”, diz.

A pesquisa começou em 1987, mas há 15 anos Ramos já utiliza a técnica como base do trabalho de artista independente. Nesse tempo todo, o performer nem pensou em buscar alguma técnica de dança. “Me fechei a qualquer tipo de técnica, porque senão teria de me adaptar. E aí deixaria de ser algo autêntico”.

Para a criação das performances, Ramos estabelece algumas diretrizes. No caso de Satélites, o ponto principal é permanecer em órbita em relação à bolinha manuseada. “Na apresentação, não se sabe quem é satélite de quem”, explica Ramos. No palco, ele tem a companhia do irmão, Gustavo Ramos, de 29, e da bailarina uruguaia Catalina Cappeletti, de 32.

“A princípio, esse trabalho provoca uma sensação em nós mesmos, porque somos obrigados a construir movimentos na hora, de acordo com a movimentação do objeto. E essa natureza nos coloca em um estado de atenção profundo”, diz. “É um trabalho mais vivenciado que interpretado”. E o público tem a possibilidade de mergulhar nesse universo sensorial. Satélites não tem trilha sonora. Os movimentos é que ditam o ritmo.

Diadema – A Companhia de Danças de Diadema prossegue este fim de semana em temporada na Galeria Olido, em São Paulo (av. São João, 473. Tel.: 3334-0001. Ingr.: R$ 6). Nesta sexta-feira e sábado, às 20h, e no domingo, às 18h, o grupo dirigido por Ana Bottosso apresenta Balaio de Danças. O espetáculo reúne trechos de algumas coreografias do repertório, como Tribal Urbano, Arte & Raiz, Baque e No Prego.

Em Diadema, o público conta nesta sexta-feira com duas opções no Teatro Clara Nunes (r. Graciosa, 300. Tel.: 4056-3366), recém-inaugurado após reforma: Centelha, com o grupo Mulheres de Eldorado, e Imagens, do Núcleo Experimental de Dança do Projeto Mão na Roda. Eles serão apresentados um após o outro, a partir das 20h, com entrada franca.

Em Centelha, as integrantes do Mulheres de Eldorado estréiam como coreógrafas. A direção é de Rose Maria de Souza e a assistente de coreografia é Neuma Teles. Imagens, com direção geral de Luis Ferron e com Adriana Farias e Daniela Rocco no posto de assistentes, é o quinto espetáculo do núcleo. A coreografia é inspirada na reflexão do grupo sobre sua trajetória, seus desafios e conquistas.

Satélites – Performance. Dir.: Roberto Ramos. Com Roberto Ramos, Gustavo Ramos e Catalina Cappeletti. Nesta sexta-feira, às 21h. No Teatro Municipal de Santo André – Paço Municipal, s/nº. Tel.: 4433-0789. Entrada franca. Ingressos disponíveis com uma hora de antecedência.



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