A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) hoje a Diadema deixará muitos petistas da região de certa forma indignados. Isso porque os 14 candidatos a deputado da legenda no Grande ABC (dez para estadual e quatro para federal) não poderão pegar carona no prestígio do mandatário para alavancar suas campanhas.

De acordo com a Lei Eleitoral, candidatos ficam impedidos de participar de qualquer ato oficial do governo, ou mesmo de ter seus nomes citados no palanque. Lula participa às 10h da inauguração de 252 unidades habitacionais, que correspondem à primeira fase do projeto de urbanização do Núcleo Naval. Qualquer manifestação sua pró-candidaturas petistas pode ser enquadrada como abuso de poder político.

Com a lei um dos idealizadores do Núcleo Naval, o ex-prefeito de Diadema José de Filippi Júnior (PT), está impedido de participar da solenidade, já que pleiteia cadeira na Câmara Federal.

O coordenador da Macro PT ABC, Humberto Tobé, confirma que os candidatos petistas no Grande ABC estão "torcendo o nariz" pela impossibilidade de participar da atividade. "Alguns deles, como o Filippi, sempre trabalharam para viabilizar este projeto e não terão o crédito", conforma-se.

O dirigente lamenta que seus correligionários que pleiteiam cargos eletivos não possam tirar mais proveito da situação. "A vinda do Lula à região é sempre carregada de energia positiva. A presença dele, não fosse o impedimento legal, sem dúvida alavancaria nossas candidaturas."

A entrega de 252 unidades habitacionais no Núcleo Naval será a sexta aparição do presidente Lula no Grande ABC neste ano. O petista, que já foi punido seis vezes por fazer campanha antecipada em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, citou o nome da presidenciável em ato oficial do governo na terça-feira. O PSDB estuda entrar com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Núcleo Naval foi erguido com recursos do PAC

O Núcleo Naval é uma parceria da Prefeitura de Diadema com o governo federal, que destinou R$ 20,5 milhões para a execução da obra, verba proveniente da primeira fase do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A administração municipal arcou com outros R$ 5 milhões.

O investimento contempla a execução de obras habitacionais, de infraestrutura e de equipamentos públicos próximos da favela, que faz divisa com São Bernardo. A Prefeitura considera o conjunto um marco na história do local, marcado por episódios de violência.

Dos 252 apartamentos populares, 48 foram construídos em parte do terreno da Naval. As outras 204 famílias ficarão abrigadas no conjunto habitacional erguido no bairro Serraria.

As unidades habitacionais possuem 42m² de área útil distribuídos em dois quartos, sala, cozinha, lavanderia e banheiro.

Inicialmente a Prefeitura informou que a data para a entrega da obra seria dia 1º. O atraso se deu para adequar a solenidade à agenda de Lula.