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História por trás da máscara

Musical ‘O Fantasma da Ópera’ começa temporada hoje e conta com artistas da região no elenco

Daniela Pegoraro
Especial para o Diário
01/08/2018 | 07:00
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Marcos Mesquita/Divulgação


 No Teatro Renault, em São Paulo, o palco ganha diferente tom: em sua volta, moldura dourada, adornada por esculturas que remetem a uma tradicional casa de ópera. Em quase todo o momento, acima das cabeças da plateia, o luxuoso e icônico lustre brilha, marcando todo o drama, emoção e imersão que o espetáculo provoca. Famosa história de amor, dor e compaixão volta para a Capital em sua segunda montagem. O Fantasma da Ópera dá início hoje a sua temporada de apresentações e conta com dois artistas daqui em seu seleto elenco: Marcos Lanza e Ariadne Okuyama, ambos de São Bernardo.

Desde os mais assíduos pelo teatro musical até aqueles que raramente assistem a uma peça teatral, O Fantasma da Ópera agrada aos ouvidos, aos olhos e ao coração. Baseado no romance homônimo de Gaston Leroux, de 1909, toda trama se passa dentro de uma casa de ópera, em Paris. Enquanto os artistas se preparam para os espetáculos, são constantemente aterrorizados pela figura do fantasma. Eles se espantam com a voz vinda de todos os lados dos corredores, cenários e sonorizações com vida própria, além de cartas escritas para aqueles que ali ocupam. Trata-se, na realidade, de um homem mascarado, de rosto deformado, vivendo nos subterrâneos do local. No entanto, ele se apaixona e passa a ser mentor da jovem Christine Daaé, que acredita que ele é seu ‘anjo da música’.

O livro faz parte da chamada literatura gótica, que se estende em suas características tanto para o musical e cenografia quanto para suas composições. Sombrio e misterioso ao mesmo tempo, desperta a curiosidade e tensão do espectador, provoca a sensibilização para o que ocorre no palco. Essas características o diferencia dos musicais recentemente apresentados no mesmo Teatro Renault, os aclamados Wicked e Les Misérables.

TALENTOS DA REGIÃO
A leitura do livro que originou o musical foi crucial para a preparação de Marcos Lanza, 38 anos, que brilha nos palcos como o caricato Monsieur André, um dos novos diretores da Ópera de Paris. “Participar de O Fantasma da Ópera é um sonho. É o musical mais visto, com uma das músicas mais conhecidas do mundo todo. Quando tive a oportunidade de fazer o teste, não pensei duas vezes”. O espetáculo é considerado o musical mais assistido e antigo da Broadway ainda em cartaz, com cerca de 140 milhões de espectadores. A escolha pelo personagem, para Lanza, não foi difícil. O ator conta que fez suas audições já pensando em Monsieur André. “Trata-se da parte mais divertida da obra que, no geral, é muito densa.”

Justamente por se passar em uma casa de ópera, o estilo clássico está presente a todo instante. Em 2005, na primeira montagem no Brasil, os protagonistas eram interpretados pelos atores Saulo Vasconcellos e Sara Sarres. Desta vez, a produção trouxe dois cantores líricos para compor o elenco principal: Thiago Arancam como o Fantasma e Lina Mendes como Christine Daaé. “Apesar de se tratar de um musical, este, em específico, permite o canto da ópera. Essa grande lacuna que parece haver entre esses dois estilos, acabou não existindo”, conta Arancam.

Para compor toda a cena na Ópera de Paris, foi mais do que essencial a presença do balé. A são-bernardense Ariadne Okuyama, 29, que também atua como cover da personagem Meg Giry, integra o grupo. “Sempre trabalhei em companhias profissionais de dança, mas nunca havia prestado nenhuma audição para musicais. Como O Fantasma de Ópera é meu favorito, decidi tentar”, conta a bailarina, que anteriormente trabalhava no Ballet Stagium, em São Paulo. “Cada dia que subimos no palco, sinto uma energia muito grande. Esse espetáculo é forte, intenso. Me sinto realizada por fazer parte dele”, completa.

GRANDE PRODUÇÃO
Para aqueles que assistiram ao musical em sua primeira montagem, não encontrará grandes diferenças no roteiro. “Normalmente é preciso de alguma adaptação. Desta vez, por se tratar de um clássico universal, não vimos necessidade de mudanças”, explica a diretora residente Rachel Ripani. Ao lado, está o diretor associado da Broadway Arthur Masella, que também participou da primeira versão no Brasil. “Não dá para comparar as duas montagens. É como perguntar a um pai qual o melhor filho”, comenta.

No entanto, a produção está indiscutivelmente grandiosa. Recentemente, o Ministério da Cultura aprovou para O Fantasma da Ópera o maior valor de captação de verba pela Lei Rouanet, perdendo apenas para Mamma Mia, em 2010. São R$ 28,6 milhões por meio da lei, de um total de R$ 45,3 previsto para toda a produção.

Dentre as peculiaridades do espetáculo está o lustre de mais de 75 mil lâmpadas, que se move do palco para o teto da plateia, e vice-versa. É o responsável por fazer com que o público se sinta não apenas um observador, mas parte de todo o espetáculo. Além disso, a icônica máscara do Fantasma é sempre única. Todo o ator tem uma personalizada feita a partir do molde de seu rosto. “Fiquei mais de duas horas com uma espécie de capacete na cabeça. Só tinha o furo do nariz para fora. Foi claustrofóbico, muito difícil”, conta Arancam. Mas todo o esforço é pago. A diretora Rachel explica que, dependendo da maneira em que é posicionada, a máscara é capaz de expressar diferentes sentimentos do Fantasma. “É uma obra de arte à parte”, complementa.

Apresentado em mais de 35 países, o musical continua a cativar cada vez mais público. O diretor Arthur Masella explicou o provável motivo dessa grandeza. “É uma história maravilhosa, contada por meio de músicas incríveis. O time criativo original tinha muita inspiração, e conseguiu criar certa mágica que existe até hoje, 30 anos depois. Para mim, O Fantasma da Ópera é atemporal.”

O Fantasma da Ópera – Musical. No Teatro Renault – Av. Brigadeiro Luis Antônio, 411, em São Paulo. De hoje ao dia 23 de dezembro. Quartas, quintas e sextas, às 21h; aos sábados, às 16h e 21h; e aos domingos, às 15h e 20h. Ingr.: R$ 37,50 a R$ 300 (no local e no site www.ticketsforfun.com.br).




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