Economia Titulo Peso no bolso
Com dólar acima de R$ 4, destinos de viagens são alterados

Mesmo pacote pode sair R$ 1.300 mais caro do que há um ano devido à alta da moeda norte-americana

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
24/07/2018 | 07:20
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Celso Luiz/DGABC


Com a disparada do dólar, que na modalidade turismo gira em torno dos R$ 4, o consumidor do Grande ABC busca alternativas para não deixar de viajar, já que a moeda influencia diretamente no preço das passagens aéreas – mesmo que nacionais. O mercado vem sentindo alterações nas preferências de destinos, como o crescimento da demanda para o Nordeste brasileiro e a Europa, devido à menor instabilidade do euro.

Há um ano, para se ter ideia, a moeda norte-americana para o turismo era vendida por R$ 3,27, diferença de R$ 0,65, já que ontem a cotação oficial fechou em R$ 3,92. Ou seja, uma viagem para o Exterior que saia por US$ 2.000, ficava R$ 6.540 na conversão para o real. Atualmente, porém, ela sai por R$ 7.840, o que representa R$ 1.300 a mais no preço e alta de quase 20% – dinheiro suficiente para pagar um pacote simples de sete dias para o Nordeste na baixa temporada. Nas casas de câmbio, porém, o cliente paga um pouco mais devido aos custos de operação e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e o valor fica acima dos R$ 4.

O dólar alto influencia diretamente nos preços das passagens, conforme o coordenador dos cursos de Administração, Gestão Financeira e Processos Gerenciais da Faculdade Fipecafi, Estevão Garcia de Oliveira Alexandre. “Elas tendem a subir porque o custo das aéreas, principalmente manutenção e combustível, são cotados em dólar, Mas, por outro lado, como a demanda pode cair, quem quer viajar deve ficar atento a possíveis promoções.”

De acordo com a proprietária da agência de turismo andreense Eventos e Inventos, Inês Sarro, a demanda pelas viagens que nas férias de julho era dividida, até o ano passado, entre Exterior e Brasil, agora, tem 90% de preferência por destinos nacionais, principalmente o Nordeste. “O pessoal procurava muito Orlando (no Estado da Flórida, cidade famosa pelos parques de diversões), mas os passageiros que ainda não tinham comprado pacotes optaram pelo Brasil. Além disso, neste ano a maioria deixou para fechar a viagem em cima da hora, na esperança de o dólar baixar, o que não ocorreu”, disse.

A ViajaNet, agência de turismo on-line sediada em São Caetano, vem sentindo redução nas buscas por destinos internacionais desde o segundo trimestre. De acordo com o gerente de marketing da empresa, Gustavo Mariotto, alternativa ao consumidor que quer viajar com preço menor são os destinos nacionais. “Como Nordeste ou outros Estados próximos da residência do viajante”, disse. Por exemplo, quem mora no Grande ABC pode pesquisar por Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia ou Santa Catarina.

No caso da agência on-line Le Due Turismo, sediada em Santo André, a fundadora Nayara Furlan afirmou que a preferência é pelos destinos europeus. “Antes, os Estados Unidos vinham na frente. Agora, apesar de o euro custar mais caro (média de R$ 4,71 nas casas de câmbio), as pessoas acabam escolhendo a Europa, por conta da cotação estar parecida com a do dólar. Alguns destinos podem sair mais baratos por conta dos custos de hotel e comida.”

COMPRAR AOS POUCOS - Conforme estimativa do boletim Focus do Banco Central, o dólar comercial deve encerrar o ano em R$ 3,70. Há um mês, a projeção era de R$ 3,65. Para o professor da Fipecafi, a moeda ainda deve sofrer volatilidade no segundo semestre por conta da eleição presidencial em outubro. “Trata-se de um momento de instabilidade que impacta na especulação de moedas, mas não tem como saber se vai subir ou descer. Por isso, é importante comprar um pouco de moeda por mês, porque, quando chegar na viagem, você gastou um preço médio.”

Planejamento deve ser fundamental

Para especialistas em gestão financeira e do próprio segmento de turismo, quem quer gastar menos e não abre mão de fazer uma viagem deve fazer um planejamento. A antecedência pode gerar melhores condições para o parcelamento do valor da viagem, além da oportunidade de efetuar a compra do câmbio aos poucos, sem adquirir todo o valor necessário de uma vez.

Para a fundadora da Le Due, Nayara Furlan, o acompanhamento de promoções e a realização de pesquisa são fundamentais. “Uma dica também é adquirir na Black Friday, desde que o desconto valha a pena. Comprando passagem ou pacote antecipados, você já consegue ir parcelando e, se por exemplo, optar por passeios, já pode ir diluindo este valor. A antecedência também é importante para comprar moeda, já que este valor não tem como parcelar”, disse.

O coordenador dos cursos de graduação presencial de Administração, Gestão Financeira e Processos Gerenciais na Faculdade Fipecafi, Estevão Garcia de Oliveira Alexandre, afirmou que o planejamento é ideal porque é difícil estimar o melhor momento para comprar moeda estrangeira, principalmente quando o mercado está mais instável. “O ideal é que, se a viagem acontecer daqui a seis meses, ir comprando um pouco por mês. Não tem como saber o melhor momento de comprar e deixar para a última hora, porque pode ser um risco.”

Segundo o gerente de marketing da ViajaNet, Gustavo Maiotto, para as férias de meio de ano a procura tende a ser maior para destinos de inverno na América do Sul, “porém, os viajantes estão preferindo destinos para fugir do inverno, onde a temperatura é quente na maior parte do ano”, disse.

Outra sugestão para quem quer descansar é justamente acompanhar as promoções em destinos que estejam menos badalados entre os turistas na época. “Quando o cliente define um valor máximo paga gastar, sempre conseguimos chegar próximo disso. Também ajuda quando ele já chega com milhas”, explicou a proprietária da agência Eventos e Inventos, Inês Sarro.
 




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