Economia Titulo Prejuízos
Região pode perder R$ 2 bi com greve

Estimativa é que paralisação gere perda de 20% do faturamento das empresas neste mês

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
27/05/2018 | 08:14
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Celso Luiz


Por conta dos efeitos da paralisação de caminhoneiros, que hoje completa uma semana, as indústrias do Grande ABC podem perder até 20% do faturamento em maio, segundo projeção do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Santo André, dado que as linhas de produções foram afetadas – esse indicador é equivalente a R$ 2,08 bilhões.

Segundo estimativa do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), a geração de riquezas da região gira em torno de R$ 400 milhões por dia, totalizando R$ 10,4 bilhões neste mês, desconsiderados domingos e feriados. Se todos os setores da economia contarem com a mesma projeção do ramo industrial, a perda total de receita seria de R$ 2,08 bilhões.

“Entendemos o pleito da categoria, mas, infelizmente, a indústria está sofrendo impactos”, afirma Anuar Dequech Júnior, diretor titular do Ciesp Diadema. “Vamos perder praticamente uma semana inteira do faturamento do mês. Muitas indústrias estão paradas porque dependem da entrega de insumos vindos do Interior ou de outros Estados”, completa Norberto Perrella, diretor titular do Ciesp Santo André.

Para se ter ideia, a GM (General Motors), em São Caetano, está desde terça-feira com a linha de montagem parcialmente paralisada. Segundo trabalhadores, mais de 700 carros deixaram de ser produzidos no período. Em São Bernardo, a Ford interrompeu toda produção por tempo indeterminado e a Scania havia suspendido as atividades entre quinta e sexta-feira. A Mercedes-Benz informou que, devido à falta de abastecimento de peças, oferecerá licença remunerada às pessoas ligadas à linha de produção. Além da fabricação, a distribuição dos veículos e autopeças também foi comprometida, como é o caso da Toyota.

Em algumas situações, as empresas suspenderam as atividades por falta de combustível para abastecer os ônibus fretados utilizados pelos funcionários, além do desabastecimento de alimentos no restaurante das firmas. “Neste caso, não há condições de continuar funcionando”, salienta Perrella.

No comércio em todo o Estado, cuja arrecadação diária é de R$ 1,8 bilhão, conforme dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o principal impacto no curto prazo é a falta de reposição, pois “o Brasil depende muito do transporte rodoviário”, assegura Fábio Pina, assessor econômico da entidade.

Outro ponto é a falta de ônibus urbano – que já estão parcialmente paralisados nas sete cidades –, que dificulta a chegada dos funcionários. “Mesmo que seja possível abrir a loja, os consumidores estarão receosos de sair de casa e ir às compras”, pondera Pina.

Segundo o assessor econômico, no entanto, o efeito a longo prazo é o mais prejudicial. “As agências classificadoras de risco internacionais poderão rebaixar a nota do País, o que reduz a chance de investimento estrangeiro”, explica. Na avaliação de Perrella, o setor industrial estava dando sinais de melhora neste ano – no quadrimestre, o setor obteve o melhor saldo de emprego desde 2011, com criação de 1.450 postos – porém, diante do ambiente de incertezas, o cenário pode voltar à estagnação.


Restabelecimento do funcionamento das indústrias deve levar até dez dias

Ainda que o prazo para restabelecimento da atividade econômica dependa da duração da greve, Anuar Dequech Júnior, do Ciesp Diadema, observa que pode levar até dez dias para que as indústrias voltem a operar normalmente. Para os comerciantes, a estimativa é que a reposição total seja feita em cerca de três dias.

No caso dos combustíveis, Wagner de Souza, presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do ABCDMRR), destaca que o abastecimento voltará ao normal só uma semana depois. “As bases distribuidoras voltam a funcionar no dia seguinte, pois a gasolina chega por dutos, mas o etanol e o diesel são levados de usinas e refinarias em caminhões.”

Os caminhoneiros estão paralisados desde segunda-feira em todo País e reivindicam redução de 30%, o equivalente a R$ 1, no preço do diesel. Os custos com o combustível superam os ganhos e, nas transportadoras, superam em três vezes o dispêndio com mão de obra. A categoria ressalta que, caso o corte não seja feito, o valor dos fretes terão de aumentar, e os preços de alimentos e remédios serão impactados.

Um dos pleitos dos motoristas é a suspensão do PIS/Cofins – cerca de R$ 0,46 – sobre o diesel. Na semana passada, o projeto a respeito foi aprovado na Câmara dos Deputados e aguarda votação no Senado. Souza, por outro lado, defende o corte parcial em todos os impostos, lembrando que a Cide equivale a R$ 0,05 no combustível e, no âmbito estadual, a alíquota do ICMS é de 12% .




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