Projeto de Pitu, filho de Servílio de Oliveira, acolhe lutadores de várias partes do Brasil que sonham em trilhar carreira no esporte
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Em um porão abafado, quase sem iluminação, ou em uma laje emoldurada pela paisagem simples da periferia de São Paulo treina a nova geração do boxe. Seis garotos, com idades entre 15 e 19 anos, de várias partes do País, foram acolhidos por Ivan de Oliveira, o Pitu – filho de Servílio, medalhista de bronze na Olimpíada da Cidade do México, em 1968 –, em sua própria casa, na divisa da Capital com Mauá, onde alimentam o sonho de se tornarem novos ‘Maguilas, Popós ou Sertões’.
O grupo integra o projeto Garimpando Ouro Olímpico, criado em 2012 por Pitu. A ideia era trazer garotos que pudessem ajudar no desenvolvimento dos seus filhos, João Vitor e Luís Gabriel, o Bolinha, mas o envolvimento com as histórias de vida que conhecia mudou o foco.
“Era para meus filhos se desenvolverem, mas depois o projeto ganhou corpo. Quando os meninos falavam das dificuldades eu conversava com a minha mulher no sentido de ajudar de forma mais incisiva. Fomos desenvolvendo essa ideia e o projeto cresceu”, explicou Pitu.
Por mais que tivesse vontade de ajudar, faltavam condições. Pitu passou a alojar os garotos em sua casa e contou com a ajuda da mulher e dos três filhos. “Minha família abraçou o projeto”, lembra ele, que no início teve auxílio do famoso chef de cozinha Alex Atala. “Ele nos dava alimentos congelados para manter o grupo. Foi importante. Hoje temos outro parceiro, o Beto Peralta, da Peralta Ambiental, que é um padrinho. Olhou para a causa e está ajudando muito. Não fosse ele o projeto não continuaria”, ressaltou.
Pitu é o técnico, mas faz as vezes de pai, irmão e amigo. “Esses meninos são nossos filhos. Temos histórias aqui de garoto que perdeu a mãe cedo, outro que não tem pai no documento. Conseguimos fazer eles darem a volta por cima. Todos têm histórias especiais e me sinto honrado em fazer parte da vida deles. Abraço o cara, falo onde está errando e mostro o caminho.Eles me ouvem como um irmão mais velho. Falo de igual para igual com eles”, orgulha-se.
A organização é mais do que necessária para que o projeto dê certo, afinal, são 11 pessoas morando em uma casa. “Todo mundo tem tarefa. Enquanto um lava a louça, o outro cozinha, passa pano no chão. Todo mundo se ajuda”, explica Pitu, que aposta que essa dificuldade no início ajuda na construção do caráter e na formação do boxeador. “Quando o cara tem muita facilidade ele desiste fácil. Do contrário, quando tem adversidade, ele encara, vê como mais um obstáculo”, acrescenta.
O primeiro objetivo do projeto é formar seres humanos, tanto que a frequência escolar e os boletins são checados, mas Pitu acredita que tem em mãos futuros campeões. “O Pedrinho Pedro da Silva Santos Conceição) e meu filho Bolinha já são realidades para a Olimpíada de Tóquio (2020). Eles vão disputar competição agora em maio, nos Estados Unidos, que classifica para o Mundial da Hungria e para os Jogos Olímpicos da Juventude, que serão na Argentina”, ressaltou Pitu, que entre outros trabalhos foi técnico de Valdermir Pereira, o Sertão campeão mundial de boxe em 2006.
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