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Boxe na terceira idade conquista adeptas em Rio Grande
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
26/10/2002 | 16:57
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“Com o boxe, passei a me sentir mais ágil, disposta, mais eu mesma. Também sinto que posso me defender, se precisar”, disse a aposentada Edna Santiago, 62 anos, moradora de Rio Grande da Serra. Não há engano. Edna faz parte de um grupo de 49 alunos – 47 senhoras e dois homens – da terceira idade que há três meses recebe aulas de boxe com o pugilista profissional Ailton Pessoa, um projeto social da Secretaria de Cidadania e Ação Social da Prefeitura de Rio Grande.

Elas e os dois homens se reúnem segundas-feiras e quartas-feiras, das 8h às 10h, na sede da Associação Cria Brasil. No início, eram apenas 15. “No convite, pedi para dizer que era ginástica e alongamento, porque se falasse que era boxe, elas não viriam”, disse o professor. Pessoa é pugilista profissional há 12 anos, campeão brasileiro e sul-americano de kick boxing (modalidade de boxe que se mistura com artes marciais e usa as pernas), na categoria médio-ligeiro, campeão brasileiro e segundo do ranking mundial de full contact (outra variação de mistura com artes marciais).

A idéia de ensinar boxe para senhoras foi dele. “A terceira idade é carente e esquecida e o boxe, muito discriminado. Pensei em unir os dois de forma positiva. Quando eles colocam as luvas, sentem que podem tudo, que estão vivos”, disse. A intenção não é a competição, nem contato físico. Eles aprendem os golpes básicos e os benefícios do esporte: diversão, união, a melhora da coordenação motora, auto-estima, autoconfiança e o fortalecimento da musculatura. Mudanças já sentidas na prática.

Uma das alunas mais empenhadas é a dona de casa Maria Angélica de Almeida, 64 anos, que mora no Centro de Rio Grande da Serra. Ela já sente o corpo mais leve e mais disposição para o serviço. “Não lutamos uma com a outra, é apenas uma brincadeira, uma novidade, estou gostando muito”, disse.

A dona de casa Maria de Lourdes Souza, 70 anos, é um exemplo de que idade e condição física não são impedimento. “Já operei três hérnias de disco na coluna e tenho osteoporose. Falei para o meu médico, ele achou engraçado e disse que tudo bem.” Para acompanhá-la, seu marido, João de Ramos,75 anos, resolveu fazer também.

Segundo a médica Sandra Matsudo, diretora do Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano), a prática do boxe para idosos, sem contato físico, não tem contra-indicação e pode, sim, trazer benefícios. “Da forma que é realizado, o esporte trabalha a força muscular, torna mais rápida a reação a um estímulo, que são as variáveis que mais se perdem no processo de envelhecimento, além do benefício da socialização que ele está promovendo”, disse.




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