Palavra do Leitor Titulo Artigo
Não passarão!
Do Diário do Grande ABC
16/03/2018 | 12:30
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Artigo

Na Espanha, nos anos 1930 do século 20, travou-se batalha entre as forças políticas que defendiam a democracia – os Republicanos – e oposição fascista liderada pelo militar Francisco Franco, que, ao vencê-los militarmente apoiado pelo nazifascismo ítalo-germânico, abriu as portas do inferno no que foi a Segunda Guerra Mundial com seu cortejo de horrores.

Rio de Janeiro, fim da segunda década do século 21. Sob intervenção federal-militar, gesto midiático desesperado de um governo federal que é o mais impopular das democracias do planeta, com a intenção de tentar conter a crise aguda das instituições, simbolizada pelo caos na produção de Segurança pública, é assassinada a aguerrida militante dos direitos humanos, relatora do acompanhamento da intervenção, vereadora da cidade do Rio Marielle Franco. Eleita pelo Psol e quinta parlamentar mais votada, Marielle foi alvejada com três tiros na cabeça, na noite da última quarta-feira, depois de ter participado de evento chamado Jovens Negras Movendo as Estruturas, que aconteceu no Centro da cidade. Além de Marielle, o motorista Anderson Pedro Gomes também foi baleado e morreu. Os criminosos fugiram sem levar nada.

Sua morte brutal, a de uma pessoa que defendia vidas, igualdade e direitos, é a tentativa de matar a luta de construção da democracia no Brasil, a possibilidade de ter sociedade mais digna. É a tentativa de matar o direito a sonhar. Moradora da favela da Maré, Marielle havia reclamado da violência na cidade e questionado a ação da Polícia Militar um dia antes de ser assassinada. Com características de execução planejada, em um Rio supostamente em processo de estabilização, independentemente da autoria do crime, o que se impõe é a falência total de sistema de Segurança Pública em que, de forma irracional, se insiste irresponsavelmente em repetir fórmulas de ação que não trazem resultados e só fortalecem a criminalidade, aprofundam a insatisfação da população e desperdiçam-se recursos escassos.

Cada tiro dado em Marielle Franco nos atinge. Cada tiro coloca em dúvida a possibilidade digna desta sociedade. Cada tiro tenta nos calar em vida. Voltando à Espanha que resistia aos ataques à democracia naqueles dias sombrios, uma carta de um artista dizia: ‘Nunca pensei que pudéssemos perder a guerra; nunca imaginei, até a última hora, quando tudo já era irremediável’. Nenhuma morte faz sentido. A vida sim. Que a morte de Marielle seja o ponto de virada em tempos de Quaresma e de aproximação da Páscoa. Que cada vez mais a vida humana seja motivo de nossa luta. E sua morte possa ter o condão de renascimento do Rio de Janeiro e do Brasil. Não passarão! 

Newton de Oliveira é professor de Direito do Mackenzie Rio de Janeiro.

Palavra do leitor

Põe fim
Depois da urgência em se acabar com esse maldito foro privilegiado é preciso também dar fim a esse negócio de reeleição, em todos os cargos. Pode funcionar em qualquer país do mundo, aqui não. Principalmente nos cargos legislativos. Eleitos, a primeira coisa que fazem é tratar da reeleição para continuar roubando sob o manto do tal foro. Quatro anos é tempo suficiente para se fazer alguma coisa. Vereadores, deputados e senadores ficam décadas agarrados nas ‘tetas’ dos cofres públicos sem nada produzir de bom. Já temos cargos vitalícios demais.
Nelson Mendes
São Bernardo

Vereadora
Lamentável a morte da vereadora Marielle Franco (Política, ontem). Mas agora é hora de o Psol, partido da parlamentar, parar com a hipócrita frase ‘fora, Temer’ e fazer algo para mudar as leis, em especial as que protegem traficantes, milicianos, policiais corruptos, black blocs, vândalos e bicheiros, que lavam dinheiro no e com o Carnaval. Acordem! Mexam-se! E parem com blá-blá-blá. Vocês, do Psol, falam muito, mas nada mudam e nada resolvem.
Antônio José Gomes Marques
Rio de Janeiro

Desmandos
Depois de dilapidado o cofre dos Correios e de implementado plano de saúde insustentável alguns anos atrás, na era petista, agora a conta está sendo colocada na mesa. A empresa, outrora modelo de gestão e eficiência, não resistiu aos últimos 15 anos de uso político e desmandos em sua administração. Vale lembrar que a empresa hoje não tem mais o monopólio de tempos atrás e a prestação de serviços diminuiu bastante com as novas e modernas formas de comunicação existentes. Um dos produtos de maior importância para a companhia no passado, as cartas, está obsoleto, assim como outros. Com relação ao plano de saúde, privilégio injustificado para essa categoria, como a inclusão dos pais como dependentes e gratuidade na concessão do benefício, em nenhuma empresa privada existe. Está mais do que na hora de acabarem os privilégios para alguns em detrimento de outros, pois todos clamam por País mais justo e igual.
Mauri Fontes
Santo André

Américo Del Corto
Dia 14 recebi mensagem do meu amigo memorialista Pedro, do Pró-Memória de Ribeirão Pires, informando a fatídica partida compelida – no expresso da eternidade – do nobilíssimo cidadão ribeirão-pirense Américo Del Corto, muito conhecido não somente na estância turística, mas em todo Grande ABC, por sua atuação nos meios radiofônicos, memorialista, patrimonial e autor dos hinos da sua cidade de nascença e de Mauá. Ainda estamos compungidos com a partida da notável historiadora Gisela Leonor Saar, ocorrida na sexta-feira, e cinco dias depois partiu um ribeirão-pirense, que deixou também marcas indeléveis entre nós. Ele era assíduo leitor deste prestigioso Diário e nos brindava com missivas que tinham no seu bojo temas não somente de âmbito regional, sempre pautadas com o escopo de refletir e sugerir propostas de soluções sobre cruciantes questões do nosso cotidiano. Nunca o conheci pessoalmente, mas era seu grande admirador. Enquanto não chegar a minha hora da partida compelida do expresso da eternidade ele estará na minha memória. Saudações compungidas. Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema

Resposta
Em resposta ao leitor Sr. Valmir Gabinelli (Tiro no pé, ontem), informo que assumi a Ouvidoria de Santo André, por processo eletivo e organizado por colegiado, representado por entidades da sociedade civil da nossa cidade. No que tange a gestão pública, um dos objetivos da ouvidoria deve ser o de apontar as demandas que indiquem a possibilidade de correção e/ou de construção de políticas públicas, além de promover a interlocução entre o munícipe e o poder público. Deixo aqui o convite para que venha conhecer esse órgão de sua cidade e o trabalho a que me comprometi em desenvolver e atuar com responsabilidade. Em relação ao período em que estive como vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, gostaria de esclarecer que cumpri com todos os compromissos. E como vice-prefeita, nunca deixei de visitar os bairros, prestigiar nossos próprios e equipamentos públicos e me fazer presente representando nossa cidade com dignidade e seriedade onde fui chamada. Reitero: venha nos visitar e poderei me apresentar para que possa conhecer antes de julgar!
Oswana Fameli
Ouvidora de Santo André 




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