Ações públicas não são suficientes para inibir presença de usuários de crack em Santo André
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Problema antigo, a concentração de usuários de drogas, sobretudo crack, sob o Viaduto Dom Jorge Marcos de Oliveira, na Avenida Prestes Maia, próximo do núcleo Tamarutaca, em Santo André, continua sem solução. Apesar de diversas ações realizadas pela Prefeitura ao longo dos anos, moradores dos bairros Vila Guiomar e Vila Alice seguem denunciando o cenário de mazela social, que causa insegurança e transtornos diversos.
A dificuldade se dá, principalmente, por tratar-se de problema que envolve diversas frentes, incluindo assistência social, Saúde pública e Segurança. A vida sem perspectivas dos usuários que ocupam a área – o número é flutuante, tendo em vista que o espaço só é utilizado para o consumo de drogas e não como moradia fixa – chama atenção. Na tarde de ontem, a equipe do Diário esteve no local e conversou com dois dos 20 indivíduos que faziam uso de entorpecentes.
“Não somos pessoas do mal, não queremos atrapalhar a vida de ninguém”, afirma homem de 44 anos que prefere não se identificar. Ele revela que chegou a trabalhar em empresa do ramo da construção civil como pintor, no entanto, há dez anos passa dia e noite em busca de crack. “Moro com a minha mãe, mas não quero que ela sofra com o meu vício, então venho para cá, onde passo a maior parte do tempo. Perdi as oportunidades da minha vida, mas são escolhas.”
Questionado sobre a possibilidade de retomar planos antigos e buscar futuro longe das drogas, ele diz que “não dá mais tempo”. “E sabe de quem é a culpa de estarmos aqui? Nossa mesmo”, considera.
Usuária de 28 anos explica que nenhum deles mora embaixo do viaduto, local que ficou conhecido como a ‘cracolândia de Santo André’. “Usamos a droga aqui para ninguém nos atrapalhar e para que não incomodemos as pessoas. O cheiro é forte, ruim, e ninguém precisa conviver com isso.”
Desde 2012, quando a concentração dos usuários no local aumentou, tiveram início ações por parte do poder público, sem sucesso. Além de operações especiais das polícias Civil e Militar, programas sociais chegaram a ser implementados, como é o caso de projeto para recolhida e tratamento dos dependentes químicos e, posteriormente, inclusão no mercado de trabalho, esquecido.
Há um ano, a Prefeitura realizou conjunto de obras para retirar e dificultar o retorno dos usuários sob o viaduto. O barranco ficou mais alto e pedras foram fixadas em toda a extensão. Nada adiantou.
A população das proximidades segue em protesto por conta da quantidade de dependentes químicos que transitam pelo local, área de passagem de crianças e jovens da EE Padre Agnaldo Sebastião Vieira e da Emeief Odylo Costa Filho. “Tem dias que abro a lixeira do prédio e tem usuário dentro. Fora os que roubam os prédios. A única medida é interná-los ou isso nunca vai acabar”, diz morador que, por medo, não quis se identificar.
Prefeitura diz buscar alternativas para acabar com ‘cracolândia’
De acordo com a Prefeitura de Santo André, são realizadas atualmente ações de limpeza e remoção dos resíduos sólidos na área. Além disso, quando há interesse dos usuários em receber atendimento, eles são encaminhados para os serviços de Saúde ou da assistência social.
A administração reforça, entretanto, que não é permitida a remoção de indivíduos de maneira compulsória. Por isso, a Prefeitura diz que “tem reunido esforços para atender e encaminhar a demanda de pessoas em situação de rua para os serviços de apoio e atendimento voltados para esta população, como, por exemplo, o Centro Pop e as unidades de Saúde”.
Questionada sobre a segurança do bairro, a Polícia Militar informou que realiza ronda diária nas imediações nos três períodos do dia. As ações visam a realização de abordagens a indivíduos e de veículos em atitudes suspeitas, com o intuito de restabelecer a ordem pública.
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