Economia Titulo Reação
Após dois anos em queda, PIB do País volta a crescer

Geração de riquezas brasileira encerra 2017 com alta de 1%, puxada pelo agronegócio

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
02/03/2018 | 07:09
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O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2017 cresceu 1%, e pôs fim ao período de dois anos consecutivos de retração – ambas de 3,5% –, que configuraram a maior recessão da história – a única vez em que isso tinha acontecido havia sido em 1930-1931, com quedas de 2,1% e 3,3%, respectivamente. Soma de todos os bens e serviços produzidos, o PIB funciona como um termômetro da economia de uma nação. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“O resultado indica recuperação parcial. Com isso, voltamos ao nível do primeiro semestre de 2011 considerando o valor adicionado em termos reais, já descontada a inflação. Até então, estávamos no nível de 2010, então recuperamos um pouco”, pondera Rebeca Palis, coordenadora de contas nacionais do IBGE.

O crescimento na geração de riquezas do País foi estimulado pelo agronegócio, que expandiu em 13% ao longo do ano passado, favorecido por safra recorde de milho e soja que, inclusive, se beneficiou pela quebra da safra da oleaginosa da vizinha Argentina, que sofreu com seca excessiva.

Segundo Rebeca, 70% do resultado do PIB se deve à agropecuária. E, do restante, 20% aos serviços, “apesar do crescimento modesto de apenas 0,3%”, e à alta na arrecadação dos tributos, principalmente do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do imposto de importação, também reflexo do bom desempenho do agronegócio.

A indústria, por sua vez, ficou no zero a zero, e a taxa de investimentos atingiu menor nível de toda a série histórica, iniciada em 1996, de 15,6% do PIB.

O consumo das famílias, destaca Rebeca, teve peso de 60% na geração de riquezas, reverteu quedas e cresceu 1% em 2017, influenciado pela melhora no mercado de trabalho e do maior valor disponível para compras.

RANKING - A alta de 1% do PIB brasileiro em 2017 fez com que a geração de riquezas atingisse R$ 6,6 trilhões. De acordo com ranking elaborado anualmente pela agência classificadora de risco Austin Rating, com base nos resultados divulgados até o momento – que somam 84,9% do PIB mundial, ou US$ 78,4 trilhões, e contempla 45 países –, o Brasil ficou na lanterna. “Os dados refletem suas mazelas acerca do ambiente político conturbado que desvirtuou o ambiente macroeconômico doméstico”, assinala o economista chefe Alex Agostini.

A nação que mais cresceu em 2017 foi a Romênia, com alta de 6,9%, seguida de China (6,8%), Filipinas (6,7%) e Índia (6,4%). Entre os vizinhos latinos entraram Peru, na 32ª posição (2,3%) e México, no 35º lugar (2,1%). Entre eles aparece os Estados Unidos, em 33º (2,3%).

Apesar de figurar na última posição, Agostini defende que, se as projeções para 2018 se materializarem, o Brasil deverá ficar ao redor da 20ª posição. A estimativa da Austin é de incremento de 2,89% e, em 2019, 3,1%. “O processo de recuperação econômica neste ano ocorrerá, em grande parte, pelo fomento via mercado de crédito, devido tanto à redução dos juros básicos como à melhora dos níveis de inadimplência e a importante recuperação do mercado de trabalho (renda e emprego), ainda que de forma moderada”, justifica.

Para ele, o grande desafio ficará por conta da retomada mais vigorosa dos investimentos. “Os aportes dependem, basicamente, da recuperação consistente da confiança de investidores e empresários, bem como o consumo das famílias e o setor externo que, obrigatoriamente, passa pelo ambiente fiscal equilibrado e monetário austero.” 




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