Eunício não quis falar se o presidente já falou no total de recursos e disse que o valor "será o necessário". Mais cedo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já havia dito que o governo estuda a possibilidade de reforçar o orçamento das Forças Armadas que atuarão no Estado do Rio de Janeiro - que está sob intervenção federal na Segurança Pública. Segundo ele, a primeira alternativa seria remanejar recursos já direcionados para Exército, Marinha e Aeronáutica, mas Meirelles não descartou que dinheiro de outras áreas do governo federal precise ser usado na intervenção.
O presidente do Senado disse ainda que o planejamento das ações da intervenção na segurança do Rio só pode mesmo ser feito após o decreto ter sido assinado. Eunício rebateu as críticas da oposição de que não foram apresentados os dados para justificar a edição do decreto, mas salientou que concorda que é preciso mais informação. "Quanto mais transparência nos índices de criminalidade, vamos colocar clareza na necessidade de intervenção", destacou.
Sem previdência
Eunício evitou dizer abertamente que, com a edição do decreto, o governo enterrou de vez a reforma da Previdência, mas disse não ver sentido em suspensão do decreto para votar a matéria, como chegou a anunciar o presidente Michel Temer durante a cerimônia de assinatura do decreto. "Se for para fazer uma intervenção e chamar a todos nós e, daqui a cinco dias, dizer que foi um equívoco porque precisa votar matéria A ou matéria B, não teria sentido ter feito a intervenção", declarou.
Ao ser questionado se a pauta da segurança era mais importante então do que a Previdência, Eunício disse que não lhe caberia essa avaliação, mas destacou que o governo sabia da escolha que estava fazendo. "Previdência é uma das PECs e foi uma opção do presidente da República fazer a intervenção e o presidente sabe que decretada intervenção paralisa PEC", disse.
Eunício disse ainda que durante sua gestão ele não vai desobedecer a Constituição. "Não há previsão constitucional de suspensão do decreto. Enquanto perdurar a intervenção no Rio - só quem pode extinguir é o Presidente da república - eu não darei tramitação a nenhuma medida de mudança na Constituição", disse. "Nem o presidente Temer e nem ninguém fará com que o presidente no Senado mude por conveniência", completou.
Apesar de Temer ter dito que poderia suspender o decreto para votar a Previdência publicamente, Eunício disse que "em nenhum momento" o presidente conversou com ele sobre o assunto. "Se ele fizer a revogação, extingue-se a intervenção no Rio de Janeiro, e, para fazer uma nova intervenção, eu não sei se teria a condição política de se fazer, mas teria de fazer tudo novamente. Aí, o que a sociedade iria dizer? O que íamos dizer? não fazia necessidade da intervenção. Ela é necessária", reforçou.
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