O Canal Brasil (Vivax, Sky)exibe neste sábado, às 20h, e nos próximos 25 sábados, uma seleção de episódios do Documento Especial: Televisão Verdade, que estreou na extinta Manchete em 1989 e ficou nove anos no ar, exibido também no SBT e na Band neste período.

Criado e dirigido por Nelson Hoineff e apresentado pelo ator Roberto Maya – dono do vozeirão característico da narração – o Documento Especial é um marco do telejornalismo, comparado às reportagens especiais do Globo Repórter dos anos 70 dirigidos por Eduardo Coutinho.

Hoineff dirigia o Jornal da Manchete quando pediu demissão. Para que ficasse, a emissora permitiu que criasse à vontade. Optou por produzir reportagens sobre sexo, drogas, pobreza, corrupção política em horário nobre, no estilo denúncia, o que não era usual na televisão à época.

O Documento Especial foi pioneiro com temas polêmicos como crescimento de seitas evangélicas, ou assuntos que ainda rondam o noticiário, como a tomada do Rio pelo crime organizado. Em alguns casos, chegou a 30 pontos de audiência.

Introduziu câmera escondida, eliminou presença física do repórter no vídeo e desenvolveu especiais monotemáticos, produzidos sem um fato concreto, mas a partir de conceitos, a maioria eram frases do dramaturgo Nelson Rodrigues (“toda família um dia começa a apodrecer” é uma delas). O barulhinho da máquina de escrever na redação está de volta. Pelo menos na abertura do programa.