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'Perder o sono' é mal que atinge 21 milhões no Brasil
Ana Macchi
Do Diário do Grande ABC
09/03/2002 | 18:10
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Pelo menos para 21 milhões de brasileiros, perder o sono – uma das expressões mais usadas por pessoas que enfrentam problemas no cotidiano – é um sintoma crônico que, caso não tratado, pode atrapalhar o funcionamento do relógio biológico e causar sérios distúrbios, como mal-estar, fadiga, irritação, falhas de memória, ansiedade e queda de produtividade.

A insônia geralmente é o resultado de quadros emocionais – como depressão e estresse – ou físicos (problemas respiratórios) alterados, mas pode ser facilmente combatida por meio de medicamentos ou terapia. “Costumo dizer que os remédios induzem ao sono, mas não descobrem a origem da insônia. Por isso, insistimos nos tratamentos de terapia comportamental e familiar como a melhor forma para descobrir as causas da ausência de sono”, disse o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, coordenador do Ambulatório de Distúrbios do Sono do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Segundo ele, seis meses de consultas no ambulatório são bastam para reverter o quadro de insônia. “Não descarto o tratamento com medicamentos, mas deve-se levar em consideração que os remédios podem causar dependência”, disse.

A terapia também é recomendada pelo neuropediatra Rubens Wajnsztejn, que atende na região. Ele afirmou que, no país, as mulheres com mais de 40 anos são as que mais sofrem de insônia. “A quantidade ideal de horas de sono para adultos pode variar de seis horas a nove horas diárias. As pessoas que passam 30 dias consecutivos abaixo dessa média provavelmente são vítimas do problema e devem procurar tratamento.”

Entre as formas de insônia, a mais comum é a inicial – quando a pessoa não consegue pegar no sono. “Tem também casos nos quais os pacientes perdem completamente o sono no meio da noite, e casos em que as pessoas acordam cedo demais”, disse Wajnsztejn.

De acordo com ele, a insônia pode ser facilmente identificada. “Geralmente, está mesmo relacionada a problemas emocionais. De toda forma, algumas situações exigem a comprovação do diagnóstico por exames (eletroencefalograma) para que se possa descartar outros possíveis distúrbios.”

A aposentada Mirian Grinblat, 61 anos, sabe bem o que é passar noites maldormidas. Sua briga com o travesseiro, de acordo com ela, foi resultado de uma forte depressão. “Nos últimos cinco anos, acordava no meio da noite e não conseguia dormir mais de jeito nenhum. Fiz tratamento com medicamentos, mas alguns não me davam sonolência. Aos poucos, comecei a controlar o meu emocional e hoje consigo dormir bem sem ter de tomar remédios”, disse.




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