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Famílias são removidas e levadas para ginásio
Henrique Munhos
Especial para o Diário
02/02/2011 | 07:17
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Uma ação de reintegração de posse no Jardim Ruyce, em Diadema, deixou ontem 18 famílias desalojadas. A área onde os barracos foram construídos, na altura do Km 19 da Rodovia dos Imigrantes, sentido Capital, é de domínio da Ecovias, que entrou com ação junto à 1ª Vara Cível de Diadema para pedir a retirada das famílias.

De acordo com os policiais militares que estiveram no local, não houve nenhum incidente durante a reintegração. Os moradores começaram a retirar seus pertences às 6h. O acostamento da Imigrantes foi fechado para permitir a ação dos caminhões de mudança, das viaturas da Policia Militar e também da Ecovias.

As 18 famílias já tinham sido vítimas de incêndio no dia 1° de janeiro. Na ocasião, um acidente provocado por fogos de artifício queimou os 18 barracos. "Construímos tudo de novo, colocamos energia elétrica, e agora eles tiram a gente daqui. Era melhor não ter deixado construir, então", reclama Marcos Nascimento, 44 anos.

Os moradores estão alojados provisoriamente no ginásio poliesportivo do bairro Casa Grande. Segundo Paulo Bernardo, coordenador da Secretaria de Habitação de Diadema, todas as famílias receberão bolsa-aluguel, e ficarão no ginásio até encontrarem nova moradia.

A Ecovias cercou o local para não haver novas invasões. A demolição dos imóveis será realizado após vistoria judicial, que irá definir se os barracos estão mesmo em área de domínio da Ecovias.

Apesar da ação de ontem, muitos barracos permanecem no Jardim Ruyce. Os mais próximos das famílias que foram desapropriadas temem que suas casas tenham o mesmo destino. "A Ecovias já avisou que talvez a gente tenha que sair também. Ainda estão analisando a nossa situação", diz a auxiliar de montagem Verônica Silva, 39.

Mesmo sabendo que pode ficar sem teto de uma hora para outra, a moradora não vê outra alternativa a não ser contar com a sorte. "Não temos para onde ir, então temos de torcer para que não tirem a gente daqui."

Moradores já passaram por incêndio 

"Estava comemorando o Ano-Novo no Jardim Eldorado. Quando deu 0h05, minha filha me ligou avisando que um incêndio queimou tudo em casa. Um mês depois, estou sem ter para onde ir de novo." O lamento do vendedor de gás Aparecido Oliveira, 45 anos, é comum entre as famílias do Jardim Ruyce, que tiveram que deixar suas casas na manhã de ontem.

Aparecido mora com a mulher e três filhas, e disse que não desejava dormir com a família no ginásio poliesportivo. "Passo o dia inteiro trabalhando, e quando chega a noite quero descansar. Com tanta gente aqui, será impossível dormir."

O bolsa-aluguel prometido pela Prefeitura também não conforta o vendedor. "Na reforma, gastamos dinheiro e fizemos dívidas. Tenho de pagar os móveis e o carro que trabalho. Não sei como farei para conseguir outra casa."

Em situação parecida está o servente de obras Ideliso Viana, 58. Segundo o morador, três famílias viviam no mesmo barraco. Viana nem mesmo sabe o número de pessoas que dividia a casa. "Eram mais de dez", conta. Com dificuldades, não sabe onde irá morar daqui para frente. "Não tenho dinheiro para nada, apenas para sustentar minha família."




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