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O caso corre em segredo de Justiça, mas o Estado apurou que, entre os documentos enviados pelo MPF à Espanha, está uma troca de e-mails entre integrantes da N&N Consultoria, empresa responsável por administrar a carreira do craque, e o pai do jogador, Neymar da Silva Santos. Na conversa, eles teriam acertado uma série de acordos com o objetivo de sonegar impostos durante o processo de transferência do jogador do Santos para o Barcelona.
O MPF acusa Neymar de ter usado uma das empresas da família, a N&N Consultoria, para receber empréstimo de 10 milhões de euros (R$ 39,5 milhões pela cotação atual) do Barcelona em novembro de 2011. O empréstimo, segundo os investigadores, serviu apenas para tentar dissimular o pagamento adiantado de uma parcela para assegurar a contratação futura do jogador. Em 2013, o clube catalão teria depositado mais 30 milhões de euros (R$ 118,7 milhões) na conta da N&N Consultoria.
Como parte do suposto esquema fraudulento relatado nos e-mails, ainda foram assinados três acordos comerciais entre Neymar, seu pai e o Barcelona. O contrato "de gestão e representação" repassava à N&N Consultoria 5% dos rendimentos pagos pelo Barcelona ao atacante. O "contrato de imagem" garantia a outra empresa familiar, a N&N Administração de Bens, pagamentos sobre a exploração publicitária do jogador. Por fim, pelo contrato "de arrendamento de serviços profissionais", caberia à N&N Consultoria assessorar o Barcelona na observação de jogadores das categorias de base do Santos em troca de 400 mil euros anuais (R$ 1,5 milhão) por cinco temporadas, totalizando 2 milhões de euros (R$ 7,5 milhões).
Para tentar anular a validade do envio destes documentos à Espanha, Neymar e seus advogados alegaram que o compartilhamento das provas foi ilegal. Por isso, pediram para a Justiça "suspender os efeitos jurídicos do procedimento de cooperação jurídica internacional, diante da probabilidade de ilicitude das provas ali carreadas, determinando-se ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e Cidadania o envio de ofício às autoridades espanholas".
O desembargador federal Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, no entanto, indeferiu o pedido de liminar e justificou não ter havido "ilegalidade ou abuso de poder" no ato do procurador Thiago Lacerda Nobre de enviar os documentos à Espanha. Em outra decisão, publicada no último dia 15, Toldo também indeferiu pedido de Neymar e seus advogados para que o Departamento de Cooperação Internacional do Ministério da Justiça comunicasse a Justiça da Espanha sobre existência do pedido de anulação do envio de documentos.
A assessoria de Neymar informou ao Estado que, como o processo corre em segredo de Justiça, não iria se manifestar. Desde 2015, a Justiça mantém bloqueados R$ 193 milhões em bens de Neymar por causa de multas e impostos cobrados ao jogador do Paris Saint-Germain pela Receita Federal. O valor era R$ 188 milhões, mas foi corrigido. Neymar é acusado de usar empresas da família para pagar menos imposto e não quitar seus tributos como pessoa física.
Em julgamento no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), Neymar obteve vitória em processo fiscal e seus advogados estimam que a cobrança da Receita Federal deve ser reduzida em até 70%.
O Ministério Público Federal chegou a denunciar Neymar por sonegação de tributos e falsidade ideológica, mas a Justiça arquivou o pedido por entender que a ação penal só é possível depois de encerrado o procedimento na esfera administrativa na Receita Federal.
Na Espanha, o jogador é investigado por fraude na transação com o Barcelona. A Justiça espanhola descobriu que o clube pagou 83,3 milhões de euros (R$ 329,7 milhões) pelo jogador depois de, inicialmente, ter anunciado que o negócio custou 57,1 milhões de euros (R$ 226 milhões).
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