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Policial diz que dirigia Camaro, mas nega racha na Imigrantes

Investigador se apresentou ontem no 3º DP de S.Bernardo; acidente matou dois e feriu outros seis

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
12/01/2018 | 07:31
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Denis Maciel/DGABC


Atualizada às 9h11

O policial civil Ariovaldo Soares Grubl, 46 anos, se apresentou, ontem, no 3º DP (Assunção) de São Bernardo e alegou que dirigia o Chevrolet Camaro preto suspeito de estar envolvido em racha que teria causado colisão na Rodovia dos Imigrantes que deixou dois mortos e seis feridos, na noite de terça-feira. O investigador do 6º DP (Cambuci), na Capital, nega, entretanto, que trafegava em velocidade acima do limite permitido na via, de 110 km/h.

Em depoimento, ele disse que voltava de Mongaguá, no Litoral paulista, com o filho de 12 anos no horário do acidente. No entanto, ele afirma que não presenciou o acidente entre a Mercedes Benz e o EcoSport, no km 29 da Imigrantes, sentido São Paulo. A colisão, resultado da imprudência ao volante somada à ausência de fiscalização por parte de agentes de Segurança, ocorreu por volta das 21h.

O veículo Ford EcoSport – que levava oito passageiros, sendo dois casais e quatro crianças – foi arremessado para o canteiro lateral após ser atingido pela Mercedes. Segundo testemunhas, o carro de luxo estaria praticando racha com o Chevrolet Camaro, em velocidade de 200 km/h.

De acordo com Grubl, a versão das testemunhas “não tem cabimento algum”. “Em nenhum momento vi esse carro (Mercedes) atrás de mim”, alega. Durante o depoimento, que durou pouco mais de uma hora, ele também negou ter ligação com o motorista da Mercedes, o administrador de empresas André Veloso Micheletti, 50, preso ontem pelos crimes de homicídio qualificado e direção de veículo automotor com habilitação cassada desde 2016. “Nunca vi essa cara na vida”, garante.

Sobre o veículo, o policial destaca que o Camaro é de propriedade do filho mais velho. “O carro não tem nenhum arranhão, até porque é do meu filho. Subi de Mongaguá com ele para levar o moleque (filho mais novo), porque falei que é perigoso ficar com um carro desse”, diz.

O investigador foi liberado pelo delegado responsável pelo caso, Rui Diogo da Silva, mas permanecerá em condição de investigado. A Polícia Civil agora tenta identificar a testemunha que acionou o socorro pela central do 190 e que afirma ter visto o Camaro preto e a Mercedes na disputa de racha para confrontar as informações.

A ausência de imagens da Mercedes nas gravações fornecidas pela Ecovias, concessionária responsável pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), e também do trecho da colisão dificulta o trabalho da polícia. “As imagens cedidas não nos mostram o momento do acidente. Teremos de finalizar a perícia dos veículos e ouvir a pessoa que ligou para o 190 avisando sobre o acidente para avançar na investigação”, observa o delegado. Segundo ele, a principal hipótese investigada pela Polícia Civil continua sendo a de que veículos envolvidos em racha teriam provocado a tragédia.

Conforme a Ecovias, a câmera de monitoramento mais próxima do local da ocorrência, instalada na altura do km 28 da Imigrantes, “estava apontada para a direção contrária no momento da colisão”.

Devido ao envolvimento de um policial no caso, as investigações passarão a ser comandadas, a partir de hoje, pela Corregedoria da Polícia Civil.

 

Câmeras de monitoramento mostram carros em velocidade permitida

Imagens de câmeras de monitoramento concedidas pela Ecovias, responsável pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), indicam que o Chevrolet Camaro preto, suspeito de participar de racha durante a colisão, estava dentro da velocidade permitida em trecho localizado a 20 quilômetros de distância do local da ocorrência.

As imagens foram captadas por câmera instalada no km 51 da rodovia. Nela, é possível observar o EcoSport, onde estavam as duas mulheres que morreram, na faixa da esquerda da estrada. Cerca de 30 segundos depois, o Camaro preto, dirigido pelo policial civil, é visto trafegando pela faixa central da via – os dois em velocidade permitida.

Segundo a Polícia Civil, no entanto, as imagens não cravam a velocidade dos veículos no momento da colisão. “É um trecho muito longe do local do acidente. Nele, sequer conseguimos ver a Mercedes-Benz”, disse o delegado que conduz as investigação, Rui Diogo da Silva.

As duas vítimas fatais do acidente foram enterradas ontem.




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