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Mercado de carros cai pela metade em 5 anos

Vendas de veículos diminuem 47% no Grande ABC, enquanto que no País retração é de 38%

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/01/2018 | 07:28
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Denis Maciel/DGABC


Nos últimos cinco anos, o mercado automobilístico deu sinais de arrefecimento em todo o País. No Grande ABC, porém, o enfraquecimento foi ainda mais intenso e as vendas de carros caíram pela metade. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) levantados a pedido do Diário, entre 2012 e 2017 o comércio de veículos retraiu 47%, enquanto que, no Brasil, o número caiu 38,3%.

No ano passado, as sete cidades registraram a venda de 39.378 automóveis e os comerciais leves zero-quilômetro. Volume bem distante do comercializado em 2012, que registrou 74.535 emplacamentos.

Com o desempenho, o total de carros vendidos no Grande ABC perdeu representatividade no mercado brasileiro. No ano passado, o total comercializado nas sete cidades representou 1,8% dos 2,172 milhões licenciados em território nacional. Em 2012, correspondia a pouco mais de 2% dos 3,634 milhões.

A crise atingiu em cheio a região, que, por ser fortemente industrializada, foi mais impactada do que outras localidades menos dependentes do setor automotivo. Com o aumento do desemprego, que atingiu em cheio o segmento, houve intensa redução da massa salarial e, consequentemente, da movimentação na economia do Grande ABC.

Com a desaceleração da produção por parte das montadoras, houve diversos PDVs (Planos de Demissão Voluntárias) e lay-offs (suspensão temporária do contrato de trabalho) nos últimos anos. O menor volume de pedidos fez com que milhares perdessem o emprego na cadeia produtiva. No início do ano passado, para se ter ideia, o número de desempregados, segundo o Seade/Dieese, chegou a 244 mil pessoas, equivalente às populações de São Caetano e Ribeirão Pires.

O crescimento do endividamento das famílias e das incertezas advindas da economia e da política fez com que a compra do carro zero fosse adiada.

Ao comparar as vendas de 2017 com números de cinco anos atrás, quando o mercado vivia momento de franca expansão, todas as sete cidades registraram a retração. Uma das maiores quedas em termos percentuais foi registrada em Diadema, de 57,47%. Foram emplacados no município 2.261 automóveis e comerciais leves no ano passado, ante 5.316 em 2012.

Em volume de veículos, o maior tombo foi visto em São Bernardo, que reduziu em 46,74% o total de carros licenciados em cinco anos, de 28.144 para 14.990, diferença de 13.154 unidades.

Para o especialista em cadeia automotiva e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Antonio Jorge Martins, além de o consumidor ter colocado o pé no freio, a queda na região está relacionada a outro motivo. “As vendas diretas aos consumidores tiveram retração em todo o País. E este aumento recente, visto no ano passado, foi puxado por empresas de prestação de serviço, a exemplo de locadoras (embora presentes na região, não estão sediadas aqui), que adquiriram esses veículos. Pelo fato de a região ser mais manufatureira e não tanto prestadora de serviços, isso fez diferença.”

No ano passado, segundo a Fenabrave, as vendas de carros cresceram 9,36% em todo o País, somando 2,172 milhões de unidades, montante que pôs fim à sequência de quatro anos em queda – a última vez em que o resultado tinha sido positivo havia sido em 2012. A entidade não divulgou os dados comparativos para a região referentes a 2016.


Neste ano, região deve ver melhora no licenciamento de zero-quilômetro

As expectativas para 2018 são positivas tanto no País quanto na região, pelo menos no primeiro semestre de 2018. Isso porque a outra metade do ano estará mais sujeita ao resultado da eleição presidencial.

“Sempre quando um setor se recupera, principalmente quando exerce papel preponderante, caso do setor automotivo no Grande ABC, há impacto em outros segmentos”, afirma o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. “A perspectiva é a de um 2018 melhor, porém, ainda longe dos melhores anos de vendas, que foi justamente em 2012. Ainda vai demorar para ter grande reflexo no emprego e na produção industrial. Mas certamente será melhor do que nos últimos quatro anos.”

Dado que anima é o divulgado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) na sexta-feira, da alta de 25,2% no volume de carros produzidos, ante o ano anterior. Em 2017, saíram das montadoras 2,6 milhões de unidades.

Antonio Jorge Martins, da FGV, aponta que, “daqui para frente, a incerteza se reduz e, com isso, as famílias têm melhores condições de comprar. O aquecimento do mercado interno ainda deve ser lento, mas as exportações devem continuar aquecidas, o que influenciará muito regionalmente”.  




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