Política Titulo Editorial
Triste estatística
Do Diário do Grande ABC
02/01/2018 | 12:01
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Arte/DGABC


Estatísticas nada mais são do que acumulado de números, frios e incapazes de traduzir claramente a realidade. Dados que, à primeira vista, parecem positivos, nem sempre refletem a dificuldade da vida de pessoas que vivem à margem da sociedade e cujos problemas, na maioria das vezes, são ignorados por aqueles que poderiam (e deveriam) apontar soluções.

Do ponto de vista puramente estatístico, o Grande ABC registrou ontem a primeira morte por deslizamento de terra em três anos. Parece pouco, quase nada. O único dígito da conta dá a entender que todas as políticas de controle de emergências adotadas ao longo dos anos estão em perfeito funcionamento e que a região atravessa período de profunda calmaria.

Na vida real, um garoto de 10 anos perdeu a vida. Foi soterrado por uma avalanche de escombros, que não sabe de onde veio, mas que levou o pouco que sua família havia conseguido juntar com muito trabalho. Deixou pai, mãe, irmão e amigos, que trocaram a festa do Ano-Novo pela dor da irremediável perda de uma criança.

Saber, depois do ocorrido, que a área era de risco, monitorada pela Defesa Civil e que os há dez anos os que lá residem (talvez por falta de opção) já tinham sido notificados a deixar o local – informação negada pelos moradores do Jardim Kennedy – não importa mais.

O que realmente conta a partir de agora é a adoção de ações concretas no sentido de evitar outras baixas. O garoto, que desde ontem tornou-se estatística, chama-se André Naja Almeida dos Santos, gostava da animação Naruto e de andar de skate, hábitos comuns para a idade.

Em dezembro ocorreu a inauguração da CGE (Central de Gerenciamento de Emergências) do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Sem dúvida uma grande ferramenta para impedir que ocorram tragédias como a de ontem. É preciso que, efetivamente, seja utilizada. E que outros meios também sejam disponibilizados pelas cidades para impedir tais fatalidades. Prevenção é a melhor política, sempre. 




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