A ameaça do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de reprovar as contas das Câmaras que concederem, já nesta legislatura, o 13º salário – além de mais um terço de férias – a vereadores, prefeito e vice serve de alerta a nossos representantes, que, na semana passada, se apressaram em aprovar o pagamento dos benefícios.

O aviso da Corte teve reação imediata. O Legislativo de Mauá já admitiu rever a decisão, caminho que deve ser seguido por Ribeirão Pires, que também tinha acelerado o passo para garantir o dinheiro extra.

Em São Caetano a Câmara descartou a ideia sob argumento de compreender o momento delicado das finanças do município, uma vez que o impacto direto dos benefícios aos 19 vereadores, ao prefeito José Auricchio Júnior e ao vice-prefeito Beto Vidoski seria de R$ 292,6 mil. E, em São Bernardo, o chefe do Executivo, Orlando Morando, pediu aos aliado da base para evitar que o assunto siga adiante e se antecipou a dizer que, se o projeto for aprovado, ele e o vice Marcelo Lima abrirão mão do dinheiro.

Chama atenção em algumas situações a rapidez com que os nobres parlamentares se aliam – independentemente de partido – para legislar em causa própria. Situações que já causaram e ainda provocam muita dor de cabeça a alguns deles, como evidenciado na edição de hoje deste Diário. 

Levantamento aponta que Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá concederam, entre os anos de 2001 e 2008, ajudas de custo, abonos salariais, 13º salário, auxílio-paletó, pagamentos considerados irregulares pelo TCE. Muitas nomenclaturas e o mesmo fim: o bolso dos vereadores. Em Diadema e Mauá, por exemplo, continuam os processos para devolução de valores pagos que, atualizados, chegam a R$ 480 mil e R$ 226 mil, respectivamente.

Fica evidente que, passados os anos, as Câmaras continuam a pensar em benefício próprio. Enquanto isso, os interesses da comunidade que representam seguem em segundo plano, muitas vezes completamente ignorados. Triste constatação.