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Obrigado,Ocimar!

Primeiro brasileiro a conquistar lugar de honra na moda mundial, o estilista Ocimar Versolato, nascido em São Bernardo, morre, aos 56 anos, em São Paulo, após sofrer um AVC hemorrágico

Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
10/12/2017 | 07:39
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Reprodução Instagram


 O Grande ABC perdeu na tarde de sexta-feira um de seus maiores talentos. O estilista Ocimar Versolato, de São Bernardo, morreu aos 56 anos, após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico no Hospital São Paulo, na Capital. O velório e enterro foram realizados na tarde de ontem, no Cemitério Municipal da Vila Euclides. A equipe do Diário esteve no local, mas a cerimônia de despedida do estilista foi reservada apenas para familiares e amigos.


Considerado um dos principais nomes do universo da moda no Brasil, o são-bernardense foi o único brasileiro a ser aceito no Chambre Syndicale de la Haute Couture, entidade máxima da moda francesa.
Entre as muitas façanhas, a primeira da lista foi ter conquistado o posto de diretor criativo da Lanvin, a casa mais antiga da alta costura na

França, onde desembarcou em 1987 para estudar moda no Studio Berçot.
Passou um período trabalhando no atêlie do estilista francês Hervé Léger, até inaugurar seu próprio espaço, em 1994.
Ganhou fama criando vestidos a partir da técnica moulage – quando a roupa é costurada direto no manequim. Chegou a Lanvin em 1996, aos 34 anos na época, e fez seu primeiro desfile da marca no Museu do Louvre.

Em solo brasileiro, Versolato participou de mais de 30 desfiles da São Paulo Fashion Week, além de assinar a camiseta oficial do programa Fome Zero, criada em 2003, na ocasião do lançamento da campanha que tinha como principal objetivo arrecadar dinheiro para programas de redistribuição de renda do governo.

Foi o estilista responsável por todo figurino do filme Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, de 1996, além de criar figurinos para diversos espetáculos de Ney Matogrosso, cuja parceria teve início em 1994. Vestiu ainda nomes como Luiza Brunet, Sonia Braga, Betty Lago e Naomi Campbell, entre outros. Também assinou peças para artistas durante diversas cerimônias do Oscar.


Viveu altos e baixos no universo da moda. Chegou a ter uma loja própria na Place Vandôme, endereço emblemático do luxo francês, em sociedade com a então cliente Ana Luiza Pessoa de Queiroz, mas o negócio não deu muito certo e acabou falindo. Persistente, de volta ao Brasil conquistou a empresária Sandra Habib e em menos de um ano a dupla chegou a abrir sete lojas no eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na época, o investimento girou em torno de R$ 15 milhões, mas em pouco tempo todas as lojas fecharam.

Embora considerado um gênio da moda, a fama de pessoa difícil impediu que Versolato chegasse ainda mais longe, segundo grandes nomes do universo da moda. Por diversas vezes, destilou irônia e atacou colegas de profissão. Certa vez declarou que não era como alguns estilistas brasileiros, que a cada estação copiavam uma coleção internacional e mantinham entre si o acordo de ao menos não copiarem a mesma grife.

Em entrevista para o Diário, em 31 de março de 1996, declarou que nem de longe se inspirava na mulher brasileira. “Muita gente me cobra, mas é uma obrigação pobre ter que lembrar o Brasil nas criações.”

INFLUÊNCIA
Nascido em 1º de abril de 1961, Versolato se formou em Arquitetura antes de se mudar para Paris. O gosto pela moda, chegou a declarar em outra ocasião ao Diário, puxou da mãe. “Minha mãe, que educava seus filhos, tinha um ateliê onde fazia roupas para suas amigas. Não dou um passo sem consultá-la.”
Na mesma entrevista dada ao Diário em 1996 – uma das raras concedidas durante a vida –, Versolato declarou amor pela família. Fez questão de posar para foto com a sobrinha Yasmine no colo.
Ocimar Versolato era filho de Odaci Calandreli e de Maria Aparecida Versolato Calandreli, e tinha cinco irmãos: Odamar (também renomado artista), Omara, Omar, Antonio e Francisco.
Em 17 de março de 1996, Ocimar Versolato também falou ao Diário. “O meio da moda é muito exigente, a época de criadores caprichosos terminou. Já não é possível enganar e se alguém não tem nada a dizer, a magia não surge”, afirmou na ocasião, para emendar na sequência. “Para preparar uma coleção, sonho durante seis meses.” (com Agências)




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