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Descontos da Black Friday não conquistam consumidores

Produto mais barato no site do que na loja física e poucas promoções incomodaram

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
25/11/2017 | 07:17
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André Henriques/DGABC


Muita gente que decidiu sair de casa ontem em busca dos descontos da Black Friday no Grande ABC se decepcionou. Isso porque, em alguns casos, os preços oferecidos no e-commerce das marcas eram mais vantajosos do que os praticados nas lojas físicas, conforme apurou a equipe do Diário ao percorrer três grandes varejistas nas regiões centrais de três cidades da região, além de estabelecimentos de menor porte.

“O site está com preços menores e eles não cobrem a oferta do próprio site”, comentou a andreense Jenilde Santos Matos, 36 anos, que trabalha como atendente de caixa e buscava ofertas de televisores.

“Se estivesse o mesmo preço do site, a gente já ia levar, mas vamos comprar on-line, porque os vendedores disseram que o preço na loja física realmente é diferente”, lamentou o morador de São Caetano César Luciano Rossi, 41, que estava com a mulher a procura de um celular para a filha. Na loja, o equipamento saía por R$ 1.050, enquanto que, no site, R$ 900. Diferença de R$ 150.

“Preciso comprar uma televisão e estou aguardando o melhor momento, mas acredito que pelo site está bem mais em conta, chega a R$ 300 a diferença. Até o momento, a Black Friday não está valendo a pena”, relatou a gerente de restaurante são-caetanense Michele Mendes, 31, de São Caetano.

Outro ponto observado pelos clientes foi a ausência de grandes descontos conforme esperado para ocasião. “Já tinha pesquisado antes e está a mesma coisa. Não está valendo a pena”, desabafou a dona de casa andreense Aldinéia Brassarotto, 53, que se decepcionou com o preço dos micro-ondas.

Por outro lado, há quem tenha encontrado boas oportunidades. “As promoções estão boas, compramos produtos de higiene, de limpeza, fraldas e chocolates com bons descontos”, disse Sandra Gaskis, 35, gestora de Recursos Humanos de São Caetano, que estava fazendo compras com as colegas de trabalho.

“Alguns produtos chegam a metade do preço original”, informou a aposentada paulistana Acilia Acerbi Gimenes, 73. “Está valendo a pena. Comprei coisas para casa, só não comprei mais porque não tenho como levar embora, mas vou pedir para minha filha dar uma passada aqui mais tarde”, complementou.

“Comprei um celular que saiu por R$ 699 e cheguei a encontrar por até R$ 1.000. Com certeza as ofertas estão valendo a pena hoje (ontem)”, disse Aline Macena Goldim, 23, vendedora paulistana.

Mesmo com as promoções, dica é pesquisar, uma vez que os descontos oferecidos são diferentes entre redes. “Encontrei por R$ 1.749 uma televisão de 40 polegadas aqui e, em outro estabelecimento, está o mesmo preço, mas o equipamento é maior, de 46 polegadas”, contou o técnico em segurança do trabalho de Mauá Rodrigo Zacarias, 33, que estava garimpando preços.

MOVIMENTO - A equipe do Diário visitou comércios de menor porte nas regiões centrais das mesmas cidades e notou que aproximadamente a metade deles aderiu à data. No entanto, elas não contavam com grande número de consumidores. É importante lembrar que, segundo o site BlackFriday.com.br, o Grande ABC terá gasto R$ 44 milhões neste ano, quantia 8,6% maior do que em 2016, quando a previsão era de R$ 40,5 milhões.

Supermercados e atacadistas também promoveram ações para a ocasião desde quinta-feira, entretanto, os produtos de maior saída se esgotaram rapidamente e foram registradas longas filas no momento do pagamento.

A campanha, que em português significa Sexta-feira Negra, veio dos Estados Unidos em 2010. No país de origem, a data equivale à maior liquidação do ano, sempre após o dia de Ação de Graças. Por aqui, no entanto, foi de 2014 para cá que as empresas passaram a se preparar realmente para a data, oferecer descontos mais vantajosos e ampliar a campanha para as lojas físicas, e não somente virtuais.

Oferta  em itens com menor procura gera gasto impulsivo

Em visita a varejistas na região, a equipe do Diário notou que os maiores descontos foram concedidos em itens de menor procura, como no caso de fritadeira sem óleo que estava por R$ 179,90 – 33,37% a menos do que o custo médio de R$ 270, enquanto que os itens de maior demanda eram televisões, smartphones e notebooks.

“O preço está ótimo. Não estava nos meus planos comprar, mas, como vou me casar, aproveitei a oportunidade”, contou a vendedora Aline Macena Goldim, 23 anos, de São Paulo, que estava em grande varejista com as amigas para comprar um celular. “Vou em outra loja com meu noivo para ver se dá para comprar mais alguma coisa”, destacou.

EFEITO MANADA - “Todo mundo deseja aproveitar as promoções loucamente, mas é preciso tomar cuidado para não comprar algo que não precise”, orientou Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia. “É natural a empolgação, porém esta é uma oportunidade para comprar algo que seja necessário com custos menores e evitar os preços altos da época natalina”, complementou.

Balistiero também destacou que o bombardeio de promoções via e-mail, por exemplo, podem induzir o consumidor ao erro da compra impulsiva. “É ideal comparar o preço proposto com valor cobrado no passado, por este motivo é preciso que a pessoa tenha pesquisado previamente”.

BALANÇO - De acordo com o Procon-SP, até as 21h de ontem haviam sido registradas 379 reclamações referentes à Black Friday. Ao todo, foram feitos 746 atendimentos, sendo, desses, 367 consultas e orientações. No ranking das empresas mais reclamadas, o destaque foi para empresas da Via Varejo: Casasbahia.com, Extra.com, Pontofrio.com, com 57 queixas (15,04% do total).

Em segundo lugar veio a B2W Companhia Digital, responsável por Americanas.com, Submarino, Shoptime e Soubarato, com 41 reclamações (10,82%). E, em terceiro, Magazine Luiza, com 34 queixas (8,97%).

Dentre os principais problemas listados, o maior foi a maquiagem de desconto, ou seja, quando o abatimento oferecido sobre o preço ou o frete não é real. Houve 116 reclamações a respeito do assunto (30,61%). Na sequência, com 99 queixas (26,12%), constou produto ou serviço não disponível (estoque terminado). E, seguida, mudança de preço ao finalizar a compra (no carrinho), com 94 registros (24,8%).

De acordo com o site Reclame Aqui, até as 20h havia 2.887 queixas, 15% mais do que na mesma data do ano passado. A maioria se refere a propaganda enganosa (13,5%), seguido de problemas na finalização da compra (9,7%) e divergência de valores (8,9%). Dentre os produtos com mais reclamações estão smartphones (8,9%), TVs (4,1%) e perfumes (2%).

Procurada, a Via Varejo disse que trabalhou com antecipação ao Black Friday, “realizando plano estruturado de ação”, mas que “lamenta qualquer inconveniente causado aos clientes e reforça que os casos levantados já foram ou estão sendo tratados.” B2W e Magazine Luiza não responderam até o fechamento desta edição.

As promoções da Black Friday se estendem pelo fim de semana na maioria dos estabelecimentos. E, na segunda-feira, há a Cyber Monday ou Segunda-Feira Cibernética – termo usado para a segunda após o Dia de Ação de Graças, para a qual também são prometidos descontos, no entanto, apenas on-line.

(Colaborou Soraia Abreu Pedrozo)
 




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