Prefeito José Auricchio Júnior, que sabemos é leitor assíduo de Memória, em especial quando o assunto focalizado é a sua São Caetano, bom dia! 

Temos um pedido público, semelhante ao que fizemos, anos atrás, ao prefeito Celso Daniel, de Santo André: salve o jazigo do Dr. José Franco de Castro Carvalho, do Cemitério São Caetano, na Vila Paula.

Somos porta-vozes de uma são-caetanense como o senhor, a professora Maria de Lourdes Pires de Barros. Ela visitou o cemitério no Dia de Finados e observou este túmulo peculiar, próximo à capela da sua família, com um poema de Fagundes Varella.

Deixemos que a própria Maria de Lourdes, nossa colaborada de longa data, conte esta história.

O mistério dos quatro anjos

Texto: Maria de Lourdes Pires de Barros

O Cemitério São Caetano é o mais antigo da cidade, dos que estão em atividade. Minha avó materna contava que havia outro, atrás da Matriz Velha, dos tempos da Fazenda São Caetano, dos beneditinos.

Visitando o Cemitério São Caetano, prestei mais atenção num túmulo peculiar. Tirei fotos. Buscamos informações na administração e descobrimos um nome e uma data: Dr. José Franco de Castro Carvalho, jazigo adquirido em 8 de maio de 1920. 

O último registro de sepultamento ali foi em 2005 e os descendentes seriam do bairro de Pinheiros, em São Paulo. Há números de telefones nas fichas, mas estão desatualizados.

Agora a parte mais triste: como vários jazigos, este também está deteriorado (pelas chuvas ácidas – é todo em mármore) e está notificado por abandono. Ou seja: se ninguém se responsabilizar por ele, futuramente poderá ser vendido, descaracterizado, demolido...

Pensei: por que não poderia existir um programa de “apadrinhamento” desses túmulos – logo centenários – e que mereciam ser conservados por contarem um pouco da história de uma época?

E quem teria sido o Dr. Franco de Carvalho? Talvez um dos poucos médicos que vinham da Capital para atender a nascente população de São Caetano?

Observem: além da singela arte tumular (com trecho de poema de Fagundes Varella), as datas dos quatro óbitos registrados – outro reflexo da época, na saúde pública. Por isso, denominei esse jazigo como “Quatro Anjos”.

Celso salvou o jazigo do Januário.

Agora é a sua vez, Dr. Auricchio

O jazigo de Januário Camargo, no Cemitério da Saudade, em Vila Assunção, passou por este mesmo drama do jazigo do Dr. Franco de Carvalho. Os pesquisadores Roseli Ortigoso e José Duda Costa, ambos do Gipem, pesquisaram a história do Januário e enviaram a história para nós.

Nós nos dirigimos ao prefeito Celso Daniel, pedindo à sua Assessoria de Imprensa que recortasse a coluna e colocasse na mesa do chefe do Executivo. Quase que imediatamente o cemitério recebeu determinação para que o jazigo do filho de escravos Januário, que servia café no gabinete dos prefeitos dos anos 20 e 30 do século passado, fosse salvo.

Prefeito Auricchio, o senhor poderia ir além, investigando outros casos. Que uma determinação oriente os servidores a não destruírem nenhum jazigo dos abandonados antes que uma pesquisa seja realizada por órgãos sérios como a Fundação Pró-Memória. Vai dar certo. E a história de São Caetano agradecerá. Como nós agradecemos a Maria de Lourdes pela louvável iniciativa.

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Fonte: IBGE