A direção da faculdade disse lamentar a decisão dos estudantes e informou que as atividades acadêmicas serão mantidas e que as ausências não serão abonadas. Também afirmou que está fazendo esforços para garantir que não haja prejuízo nos atendimentos do hospital.
No ano passado, a direção do HU começou a reduzir os atendimentos. Foram suspensos os serviços oftalmológicos e os prontos-socorros adulto e pediátrico, limitados durante a noite apenas para casos de emergência. As restrições foram decorrentes do déficit de especialistas provocado pelo Programa de Demissão Voluntária (PDV) e a suspensão de novas contratações.
Segundo os estudantes, como novos médicos pediram demissão nos últimos meses, há o risco de o pronto-socorro deixar de funcionar completamente até o final do mês.
"Por enquanto ainda há o atendimento pediátrico. A criança passa por uma triagem. Se o caso for considerado grave, ela é atendida, se não for, ela é encaminhada para outra unidade. O risco é de nos próximos dias não podermos atender nenhuma criança", disse Maria Luiza Corullon, presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, formado por estudantes da Medicina.
O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) diz que, desde 2014, o hospital perdeu cerca de 300 funcionários, a maioria enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Desses, 43% eram médicos - uma redução de 15% no quadro. A diminuição também levou ao fechamento de 49 leitos. O hospital opera hoje com 184.
Convênio
Em nota, a direção da Faculdade de Medicina disse que, em conjunto com a reitoria e a Superintendência do hospital, está "envidando todos os esforços" para viabilizar convênio com a Secretaria Municipal da Saúde para "prover o total funcionamento" do pronto-socorro da unidade.
"Este convênio já está finalizado para ser assinado com as autoridades municipais, visando o benefício da população e o ensino dos alunos", diz.
No entanto, a Secretaria da Saúde disse que o convênio ainda está sendo discutido e estudado para verificar sua "viabilidade técnica e jurídica".
Para os estudantes, o convênio com a Prefeitura de São Paulo resolveria em partes o problema do hospital.
"Vai ajudar nos atendimentos médicos, tirar a sobrecarga de alguns profissionais. Mas esses médicos não terão ligação com a USP, com a faculdade, portanto, não vão ensinar, orientar os estudantes. É um prejuízo para o ensino", disse Maria Luiza.
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