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Dedo de prosa com o tinhoso

Já imaginou como seria se até o diabo entrasse em crise existencial? Hoje estreia peça com o tema

Marcela Munhoz
31/10/2017 | 07:00
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Divulgação


 “Existem várias montagens que falam sobre Deus, mas poucas sobre o diabo, que só toma bordoada. Tudo, absolutamente tudo, é culpa dele. As pessoas esquecem que seus atos trazem consequências, se eximem da responsabilidade. Pensando nisso, surgiu Papo com o Diabo”, conta ao Diário Bruno Cavalcanti, que assina seu primeiro texto para o teatro. A montagem, que estreia temporada hoje, às 21h, ao Teatro Itália, em São Paulo, coloca a ‘figura do mal’ como espécie de espelho da humanidade.

Na trama, o diabo ganha um processo celestial, que dá direito de ele ‘se defender’ dos seus atos perante os seres humanos. “O diabo é mulher que vem para Terra em forma masculina por acreditar que as pessoas só vão ouvi-la se for assim. Tentei escolher temas atuais (como machismo, veganismo, o mundo hipster) e colocar em discussão sob a ótica de quem conferiu de perto a criação do mundo”, detalha o autor.

No roteiro, por exemplo, Cavalcanti levanta a questão de como a tecnologia está comandando nossas vidas. Em trecho da peça, o diabo afirma que no juízo final todas as conversas do WhatsApp serão levadas em conta. “Apresentamos para grupo fechado e, nessa hora, todo mundo começou a esconder os aparelhos. Foi engraçado. Garanto que o público vai rir muito e se identificar com as situações.”

MONÓLOGO
O texto de Papo com o Diabo, segundo Cavalcanti, foi escrito para um ator em especial: Eduardo Martini, que está festejando 40 anos de estrada. “Na verdade, comemoro todos os dias. Para mim, é sempre estreia. Mas o Bruno me propôs e eu topei na hora. Procurava por projeto para comemorar e esse me serviu como uma luva. Estou radiante”, diz o ator, que, na época em que começaram a discutir sobre o tema, tinha acabado de passar situação chata com dois amigos. “Fui vítima de uma puxada de tapete. E aí, pensei: ‘Olha só, são as pessoas despertando seus diabos’.”

Para Martini, as pessoas têm a mania de colocar a culpa em algo jurídico, uma sigla de partido, coisas que não são físicas. “Sempre gostei de ‘dar nome aos bois’ e o diabo diria para repensar de quem é a verdadeira culpa.” Apesar de dar uma ‘cutucada’ de leve, Papo com o Diabo, segundo ele, é também para que o público relaxe e dê risada com o texto, que é “hilário”.

Um dos grandes nomes da comédia no Brasil, Martini já atuou em mais 30 espetáculos, com destaque para, entre outros, A Chorus Line, Não Fuja da Raia, O Filho da Mãe, no qual foi indicado a prêmios de melhor ator. Além de atuar, ele também é autor, diretor, produtor e coreógrafo. Coincidência, ou não, está dirigindo montagem no próprio Teatro Itália, às quintas, até dia 30: Angel. “Vou literalmente do céu ao inferno”, brinca.

Papo Com o Diabo – Comédia. No Teatro Itália – Avenida Ipiranga 344, em São Paulo. Hoje, às 21h. A temporada segue até dia 29, com sessões às quartas-feiras no mesmo horário. Ingr.: R$ 30 a R$ 60. Vendas no www.compreingressos.com. Informações: 3255-1979.




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