Internacional Titulo
Nova-iorquinos estão traumatizados com 11 de setembro
Das Agências
28/03/2002 | 17:21
Compartilhar notícia


Dezenas de milhares de nova-iorquinos vão precisar de um acompanhamento psicológico devido aos acontecimentos de 11 de setembro, segundo o primeiro estudo de vasto alcance sobre os efeitos traumáticos dos ataques terroristas que causaram o desabamento do World Trade Center.

Conforme o estudo publicado esta quinta-feira na revista New England Journal of Medicine, 7,5% das pessoas interrogadas deram conta, de cinco a oito semanas depois dos atentados, de sintomas que apontam um estado de estresse pós-traumático e 9,7% de sintomas habituais de depressão, que no conjunto chegam a 150 mil pessoas na escala de Manhattan.

Estes resultados são duas a três vezes superiores a estudos precedentes conduzidos nos Estados Unidos durante estes dez últimos anos depois de outros acontecimentos traumáticos, segundo os pesquisadores.

Realizado com 1.008 adultos que vivem ao sul da rua 110 em Manhattan, o estudo permite também deduzir que 3,7% da população (isto é, 34 mil pessoas) estão ao mesmo tempo afetados pelo estresse pós-traumático e pela depressão.

Uma freqüência notoriamente mais elevada destes dois tipos de sintomas se nota nas pessoas que vivem nas proximidades do antigo local das torres gêmeas onde mais de 3 mil pessoas morreram.

Entre aqueles que vivem ao sul da Canal Street, na ponta de Manhattan mais próxima ao local dos atentados, o estresse pós-traumático atinge 20% da população e os sintomas de depressão 16,8%, destacam os autores do estudo dirigido pelos médicos David Vlahov e Sandro Galea, da Academia de Medicina de Nova York.

"A forte presença do estresse pós-traumático e de depressão entre os residentes de Manhattan não é uma surpresa", comentou Vlahov. Mas habitualmente o estresse e os fatores de depressão se atenuam nos meses seguintes a um traumatismo, uma evolução diferente em Nova York devido "à ameaça persistente de ataques terroristas e da lembrança permanente dos acontecimentos, segundo o pesquisador.

Esta situação particular "pode afetar ao mesmo tempo o rigor e a duração do estresse pós-traumático e da depressão entre os habitantes de Nova York", acrescentou Vlahov.

O traumatismo e a depressão atingem sobretudo as pessoas situadas pelos pesquisadores na categoria "hispânica" e mais as mulheres do que os homens. As pessoas de altas rendas parecem menos alteradas pelos efeitos psicológicos dos atentados.

É o primeiro estudo científico publicado sobre as consequências psicológicas dos atentados de 11 de setembro cujos resultados foram controlados por outros cientistas antes da publicação.

"É importante utilizar esta pesquisa para desenvolver estratégias eficazes de tratamento", disse por sua vez Glen Hanson, diretor do National Institute of Drug Abuse (Nida), lembrando que "o estresse pós-traumático e a depressão são fatores de risco fortes para a toxicomania e a dependência".

Entre os sintomas de estresse pós-traumático figuram a impressão de reviver o acontecimento, a ansiedade psicológica, o isolamento social, a irritabilidade, e os problemas de memória, concentração e sono.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;