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Indústrias do Grande ABC têm 33% de ociosidade

Investimentos anunciados por montadoras podem ter influenciado na queda do percentual

Gabriel Russini
Especial para o Diário
27/10/2017 | 07:36
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Fotos Públicas/Divulgação


As indústrias das sete cidades encerraram o mês passado operando com 67% de sua capacidade instalada. Ou seja, ainda há 33% de ociosidade nas fábricas da região. Os dados são do Boletim IndústriABC, divulgado ontem pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo e realizado em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve aumento no nível da atividade industrial, que passou de 54% para 67%. Ou seja, houve aumento no volume de pedidos. No entanto, o coordenador do Observatório Econômico, Sandro Maskio, pondera que, apesar da redução da ociosidade, o ideal é que as fabricantes estejam operando, pelo menos, com 80% da capacidade instalada.

Na avaliação de Maskio, a discreta melhora nos fatores macroeconômicos, aliada aos recentes anúncios de investimentos que serão realizados pelas montadoras na região nos próximos anos acabaram deixando o empresariado mais otimista e seguro para apostar no Grande ABC. “As montadoras são o carro-chefe da nossa região, tanto que, quando elas começaram a reduzir as vendas e a produção no segundo semestre de 2014, o efeito na cadeia produtiva foi devastador.”

Para o especialista, o tímido movimento de recuperação do setor automotivo verificado recentemente é estimulado pelo fato de cinco das seis montadoras da região investirem, ao todo, R$ 20,3 bilhões até 2028. Em maio, a Scania, além de contratar 500 colaboradores, anunciou que, até 2021, serão aportados R$ 2,6 bilhões na unidade de São Bernardo com objetivo de atender o mercado externo.

A Volkswagen assegurou o mesmo valor de investimento até 2020 na unidade são-bernardense para a produção do Novo Polo, do sedã Virtus e de dois modelos de nomes ainda não revelados e retomou o terceiro turno. Em fevereiro, a GM anunciou investimento entre US$ 800 milhões (R$ 2,5 bilhões) e US$ 3 bilhões (R$ 9,6 bilhões) para atualizar a planta de São Caetano e estender sua vida útil ao menos até 2028. Na fábrica de São Bernardo, a Mercedes-Benz vem realizando, entre 2015 e o ano que vem, aporte de R$ 530 milhões para atualização da planta, além de outros R$ 2,4 bilhões que serão divididos com a unidade de Juiz de Fora (Minas Gerais) para a produção de pesados entre 2018 e 2022. Por fim, também em 2015, a Toyota anunciou o programa São Bernardo ReBorn, projeto que visa a revitalização da planta, que totaliza aporte de R$ 70 milhões.

Apesar da boa notícia, Maskio ressaltou que os resultados demoram a vir, e que, pelo menos até as eleições presidenciais do ano que vem, o cenário será conturbado e incerto. “Ainda não se sabe dos discursos que serão tomados pelos candidatos para estimular a economia.”

Questionado a respeito do emprego na indústria e a perspectiva para os próximos seis meses, o economista disse que o setor, em todos os sentidos, é “sempre o último a reagir”, mas que, aos poucos, vem dando sinais de recuperação. “Estamos parando de piorar, o que já é algo positivo.”

Conforme dados do emprego na indústria levantados pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), entre janeiro e setembro o ritmo de dispensas nas fábricas diminuiu 18 vezes ante igual período em 2016, passando de 4.300 cortes para 250 dispensas.




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