Política Titulo Votação em baixa
Fortes nacionalmente, PMDB e DEM sofrem no Grande ABC

À frente do Palácio do Planalto e da Câmara Federal, partidos veem votação cair em quatro anos e aumento da resistência do eleitor da região

Raphael Rocha e Fábio Martins
22/10/2017 | 07:39
Compartilhar notícia


Duas das maiores potências políticas em Brasília na atualidade, PMDB e DEM sofrem para atrair a atenção do eleitor do Grande ABC. Apesar de as legendas comandarem a Presidência da República, com Michel Temer (PMDB), e a direção da Câmara Federal, com Rodrigo Maia (DEM), a região tradicionalmente vira as costas para políticos dessas legendas.

A falta de afeição do eleitorado das sete cidades com PMDB e DEM ficou evidente na eleição de 2016, quando os dois partidos perderam votos, tanto no pleito majoritário quanto na chapa de candidatos a vereador.

No saldo de eleitos, peemedebistas viram a bancada regional cair de 12 para seis cadeiras (hoje são sete em exercício do mandato, já que o suplente Jair da Farmácia, de Mauá, ocupa vaga de Chico do Judô, do PEN, secretário de Serviços Urbanos). Democratas registraram a manutenção de seu espaço: sete nomes.

Em toda a chapa de candidatos do PMDB nas sete cidades, a votação saiu de 82.164 votos em 2012 para 44.997 em 2016 – recuo de 45,2%. O desempenho desastroso foi puxado pelas quedas em Santo André (de 23.893 votos para 3.743 votos, menos 84,3%).

Prefeiturável pelo PMDB de Santo André em 2012 e ex-secretário de Governo de São Caetano, Nilson Bonome acredita que faltou apoio do núcleo duro do governo Temer. “O PMDB tinha dois prefeitos (São Caetano e Ribeirão). Tinha candidaturas em São Bernardo, Santo André e Rio Grande. Vice em outras duas. Existia planejamento na região, de crescimento. Apesar de comandar o Planalto, o partido não teve consideração à altura que a região merecia. Não houve apoio, estrutura para que o resultado pudesse acontecer. Em São Caetano, apresentamos alguns projetos em Brasília e em determinadas situações encontramos mais dificuldades do que quando era outro presidente (Dilma Rousseff, PT). O Grande ABC poderia ser bem contemplado, mas foi deixado de lado, em todos os sentidos.”

A chapa do DEM à vereança também contabilizou revés no pleito do ano passado. Em 2012, candidatos democratas no Grande ABC obtiveram 48.227 votos no total. Quatro anos depois, 43.757 eleitores apostaram em um nome do DEM (queda de 9,27%).

A performance foi puxada para baixo por Santo André (perda de 34%) e Ribeirão Pires (queda de 67%). O desempenho só não foi pior porque a legenda emplacou representantes em duas cidades onde não tinha vereadores: em São Caetano (Maurício Fernandes e Carlos Humberto Seraphim) e em Diadema (Pretinho e Salek Almeida).

Para o secretário de Habitação de Santo André e presidente do DEM andreense, Fernando Marangoni, a agremiação aposta em nomes como o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o apresentador Luciano Huck para aumentar sua relevância. “Devemos nos tornar a terceira maior bancada (no Congresso). Isso deve ser replicado nos municípios, com a migração de vereadores. Eu já fui procurado, inclusive, por diversos parlamentares (da região) que gostariam de se filiar.”

Em 2012, o DEM de Santo André lançou a pré-candidatura do advogado Fabio Picarelli, que recuou do projeto político às vésperas das convenções sem avisar a direção e apoiou o ex-prefeito Aidan Ravin (PSB). Como consequência, o DEM saiu rachado, sem chapa completa proporcional ou coligação capaz de eleger alguém.

O resultado eleitoral do ano passado só reforçou o histórico pífio de DEM e PMDB na região após a redemocratização do País, em 1985. Democratas nunca comandaram uma Prefeitura na região. Já o PMDB ficou 20 anos sem eleger um prefeito, tabu quebrado em 2012, quando Paulo Pinheiro, em São Caetano, e Saulo Benevides, em Ribeirão, sagraram-se vitoriosos em suas cidades.

Quatro anos depois, entretanto, os dois viram a redução drástica de suas votações. Se em 2012, embalado pelo sentimento de mudança, Pinheiro obteve 61.136 votos, em 2016 contabilizou 28.674 adesões, uma queda de 53%. Já o caso de Saulo foi emblemático. Eleito em 2012 em cenário de conflitos jurídicos, o peemedebista abocanhou 24.601 sufrágios para se tornar prefeito. Com governo confuso, quase não partiu para a reeleição. Decidiu sair de última hora e teve 1.616 votos. Ou seja, em quatro anos, o eleitorado de Saulo Benevides caiu 67%.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;