O velho Vigas é uma figura e tanto. Nas primeiras sequências o vemos conduzido em cadeira de rodas para cima de um monte, onde vai observar pinturas rupestres. Vai repetindo "Coño, coño, coño", que a legenda, de maneira pudica, traduz por "merda", sendo que se refere ao órgão sexual feminino.
Bem, Dom Vigas é visto ao pintar e, em especial, ao recordar sua vida, ao lado da esposa francesa Jeanine, mas em especial sua infância de menino pobre, e dos irmãos. Um deles aparece ao seu lado. O outro, Reynaldo, o mais vivaz de todos, acabamos por saber que teve final trágico.
Vigas o recorda com amor e sentimento de culpa. A certo ponto, interpreta sua preferência pela pintura como uma atividade que o impedia de continuar pensando no irmão morto. Uma espécie de terapia que o levou à fama e à fortuna.
Vemos também sua juventude de artista através de algumas fotos, uma delas abraçado a Picasso, em Paris.
O fio narrativo é construído através de uma exposição retrospectiva que está sendo montada com a obra de juventude de Vigas. Falta uma tela - O Vendedor de Orquídeas, desaparecida. O modelo era Reynaldo. Vigas e sua esposa (e o filho Lorenzo, filmando) botam o pé na estrada e visitam pequenas cidades atrás do quadro sumido.
O Vendedor de Orquídeas é um road movie artístico e sentimental. Muito bem construído. Muito emocionante.
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