Dois soldados da Polícia Militar fizeram o parto de uma mulher na tarde de ontem no Parque Novo Oratório, em Santo André. Diego Rodrigues Gonçalves e Patrício Vital Netto acompanhavam vítima de estupro no Hospital da Mulher quando um automóvel Monza estacionou de forma brusca em frente ao estabelecimento de Saúde.

"Um homem desceu do carro gritando que a mulher estava em trabalho de parto. Chegamos ao veículo e vimos que o bebê já estava com parte do corpo para fora", conta o soldado Rodrigues, da 3ª Companhia do 10º Batalhão. Após terminar de retirar a criança, os policiais tiveram de cortar o cordão umbilical com um alicate. "Desobstruímos as vias aéreas da menina. Quando a vimos chorando, foi um alívio", conta. Toda a ação demorou cerca de cinco minutos.

Os dois soldados, então, enrolaram o bebê em uma camiseta e o levaram, junto da mãe, para dentro do hospital. Passado o susto, Netto e Rodrigues foram à maternidade e viram a auxiliar de limpeza Simone Messias de Jesus, 30 anos, feliz ao lado da filha. Maria Eduarda nasceu saudável, com 2,7 quilos, e logo foi para o quarto. "Foi uma emoção muito grande ver as duas bem. A sensação é de dever cumprido", diz o soldado Netto.

Simone diz que a previsão era de que Maria Eduarda nascesse no sábado. "Ela resolveu ter pressa. Graças a Deus, esses dois policiais salvaram a vida dela. Sem eles, não sei se ela teria sobrevivido."
Apesar da correria, Simone não é mãe de primeira viagem. Maria Eduarda é a quarta filha dela. No momento do parto, quem dirigia era um vizinho dela - ambos moradores da região do Jardim Santo André. "Estávamos vindo para o hospital, mas não deu tempo", lembra.

Por coincidência, o pai da criança, Marcelo Carvalho de Souza, 28, também veio ao mundo em um 2 de maio. "Na hora do almoço, quando liguei para a Simone, uma sobrinha dela atendeu e disse que ela estava em trabalho de parto. Achei que fosse pegadinha, por causa do meu aniversário. Só soube que era verdade quando telefonei novamente, horas mais tarde."

O salvamento de criança não é novidade para o soldado Rodrigues, que resgatou a filha quando ela tinha três anos. "Ela engasgou no berço. Já estava roxa e com os músculos contraídos. Fiz o atendimento e, quando a vi respirando, fiquei aliviado. Foi como se ela nascesse de novo." Ele demonstra satisfação em participar da ocorrência. "Infelizmente, muitos veem a Polícia Militar apenas como repressiva, mas se esquecem que a corporação é formada por homens, sendo que muitos, acima de tudo, são pais."

Agora, os soldados aguardam visita de Simone e Maria Eduarda na sede da companhia. no Jardim Rina. A previsão é de que as duas recebam alta até sábado.