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Nova lei garante plástica de mama
Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
10/03/2001 | 18:32
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  As mulheres que sofreram mutilação total ou parcial da mama devido ao tratamento de câncer terão direito à cirurgia de reconstituição mamária nos hospitais da rede estadual de saúde. Segundo a lei que instituiu o Programa de Cirurgia Plástica de Reconstituição de Mama, publicada em 20 de fevereiro no Diário Oficial, a mulher terá direito, sob orientação médica, a escolher a melhor técnica de reconstrução para o seu caso.

O poder executivo precisa definir quais hospitais da rede pública têm condições de participar do programa e estabelecer os critérios para que a paciente tenha acesso à cirurgia reconstrutiva. A lei prevê ainda a criação do Centro de Estudos para o Aperfeiçoamento de Técnicas Cirúrgicas Aplicadas a Reconstituição Mamária, por meio de convênios com entidades de ensino superior ou outros hospitais, públicos e privados.

Segundo o diretor do Hospital Pérola Byington, em São Paulo – que já realiza a cirurgia –, José Antônio Marques, estima-se a ocorrência de cerca de 9 mil casos de câncer de mama no Estado de São Paulo neste ano – destes casos, pelo menos 6 mil devem ser tratados na rede pública.

Marques informou que a cirurgia de reconstituição não é indicada para todas as pacientes que sofreram mutilação. “Mulheres acima de 65 anos, fumantes, com problemas de pressão alta ou diabetes geralmente são desaconselhadas a fazer a intervenção. Nos casos de tumores muito avançados, a recomendação é aguardar um período, estabelecido pelo médico, para submeter a paciente à operação plástica”, disse.

Marques acredita que todos os hospitais que fazem a mastectomia (retirada de parte da mama), em princípio, deverão estar aptos a fazer a cirurgia de reconstituição – a maior dificuldade seria quanto à formação das equipes médicas. “A intervenção é feita por um cirurgião plástico, que nem sempre está disponível nestas instituições. Além disso, é necessário haver treinamento específico para toda a equipe”, disse.

Segundo o especialista, a cirurgia possui vários passos – reconstrução da auréola, bico e papila – para que se consiga um efeito harmonioso e a simetria entre as duas mamas. “Em muitos casos é necessária a utilização de próteses”, informou. A operação de reconstrução leva, em média, pouco mais de duas horas para ser realizada.

Outro ponto que Marques destaca é o preço da cirurgia plástica. “Os valores variam de R$ 7 mil a R$ 15 mil – num médico particular – o que torna a intervenção proibitiva para muitas pessoas”, disse. “O preço e a dificuldade em se fazer a cirurgia por meio de convênios são alguns aspectos que fazem do programa um grande avanço para a mulher”, acredita o especialista.

De acordo com a Fundação Oncocentro, dez hospitais já fazem a cirurgia plástica de reconstrução de mama no Estado de São Paulo pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Na região, a Fundação do ABC realiza a intervenção no Hospital Universitário Anchieta, em São Bernardo.

A Dir-2 (Direção Regional de Saúde) informou que o Hospital Anchieta realizou 24 mastectomias no ano passado. Outros hospitais da região fazem a cirurgia em caráter emergencial – a Pró-Matre, em Santo André, fez quatro mastectomias no ano passado; o Centro Hospitalar de Santo André realizou nove; e o Nardini, em Mauá, apenas duas.




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