A arte toma conta, mais uma vez, da Universidade Federal do ABC (Avenida dos Estados, 5.001), em Santo André. Com curadoria da Oma Galeria, de São Bernardo, o espaço recebe peças do artista plástico David Magila. A mostra fica em cartaz até 20 de dezembro e tem visitação gratuita. O projeto, que ocupa a biblioteca do local pela terceira vez, conta agora com 60 peças, feitas em folhas de papel, pintadas uma a uma. As obras integram único trabalho, que abusa e não tem medo das cores.

Quando surgiu o convite para a mostra, o são-caetanense Magila conta que estava debruçado na vida do pintor suíço Paul Klee (1879-1940), grande artista e estudioso do século 20. A ideia foi a de promover reflexões a partir de seus trabalhos. “Assim, quando estou em um novo projeto, faço muitos testes de cor, escalas e exercícios, que acabam ficando sempre no ateliê. Desta vez, resolvi mostrar um trabalho que não está pronto, mas em processo. Creio que é algo experimental e o espaço permite tal leitura para que o público faça este mesmo percurso da experimentação do olhar e do entorno”, diz.

Para ele, a cor é tão importante quanto o desenho em uma peça. O artista explica que sempre discutiu algo a mais do que a pintura por ela mesma. “Não me considero apenas pintor. Até mesmo os trabalhos tridimensionais aliados a aspectos estéticos de composição, iluminação e, obviamente, cor – nos quais faço a representação de algo, um objeto, uma cena ou uma sensação – sempre me interessaram.”

Thomaz Pacheco, galerista da Oma, acredita que esse tipo de projeto – em que a arte ocupa universo frequentado por pessoas à procura de conhecimento, como uma universidade – é essencial, ainda mais nos dias de hoje, em que arte é censurada antes mesmo de ser discutida. Antes da mostra de Magila, outros artistas tomaram conta do lugar para discutir gêneros e sexualidade. Bruno Novaes, por exemplo, apresentou Apostila de Ciências: Ensino Fundamental.

“Vejo que o mais urgente de tudo, frente a esses atuais acontecimentos, é a educação das pessoas para temas delicados e o estímulo ao pensamento crítico por parte da sociedade. É também ter a chance de aguçar o poder de subjetividade e quebrar um pouco a literalidade com que se enxerga as coisas”, finaliza Pacheco.