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O legado de Mário Covas
William Dib
25/03/2011 | 07:14
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Decorridos dez anos da morte, Mário Covas ainda é mais atual pelos ideais que representava e pela cara que deu ao PSDB sendo um dos principais fundadores, em 1988. Na sua ausência, a legenda viveu transformações: o auge com a Presidência de FHC, e embora detenha o governo de Estados como São Paulo e Minas Gerais ainda não encontrou nova formatação capaz de reconduzi-lá a lugar de destaque, pelo conjunto de seus filiados e pelo trabalho que realiza em benefício dos cidadãos.

Mas a questão central é Mário Covas, que está no Olimpo almejado por muitos e, reservado a poucos: se não era unanimidade, era respeitado e admirado por todos. Covas não tergiversava sobre pontos para ele incontestáveis: o Estado mínimo, corte nos gastos públicos, repúdio ao loteamento político de cargos públicos. As suas gestões à frente do Estado de São Paulo mostram que é possível desenvolver política séria e competente à margem do populismo. Saneou o Estado, preparou-o para o sucessor. E mesmo o PSDB mantendo o comando de São Paulo não podemos nos dar ao luxo de esquecer como tudo e com quem começou.

Seu exemplo não se restringe à política. Acometido pelo câncer não se fez de rogado, como os bons brigões, desafiou a morte. Foi em frente. Não se escondeu. Mostrou a cara e emocionou a todos: aliados, adversários, amigos e inimigos. Escreveu ele mesmo a moral da sua história: competência, honestidade, honradez, sensatez (às vezes nem tanto), fé e humildade. Recusava as pompas, não era ídolo, mas somente Mário Covas.

Marcou profundamente o Grande ABC com a criação dos dois hospitais regionais (Serraria e Santo André, que receberia o seu nome), a reforma de escolas, o combate às enchentes (piscinões) e o respeito ao cidadão de baixa renda com os conjuntos habitacionais.

Em 1988, na disputa pela Presidência da República, ficou em quarto lugar, e não tergiversou sobre os rumos que queria para o País. Fincou a marca do estadista ao assumir publicamente a candidatura de Lula. A maior qualidade do eterno governador: o pragmatismo que empreendeu na política. Se sua morte não deixou vácuo de poder, gerou vácuo na liderança, uma vez que era referência para aliados e adversários. Esse legado continua vivo, tanto que todos seus principais sucessores: Alckmin, Serra e novamente Alckmin são tucanos que estiveram ao seu lado no primeiro momento./CSCS10.5

 

William Dib é medico cardiologista e deputado federal (PSDB/São Bernardo).




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