Cultura & Lazer Titulo Arte
Em busca do passado

Museu Barão de Mauá tem primeira mostra
individual de Talita Rocha, artista da cidade

Vanessa Soares Oliveira
26/09/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


O que você realmente sabe sobre os que vieram antes de você? O que move as pessoas a irem atrás do início de tudo a ponto de mergulharem nas informações para entender por que e quem são? Talita Rocha, 28 anos, de Mauá, sabe explicar com propriedade. Inquieta sobre a história que não conhecia de suas origens, foi em busca de seu passado e, de forma subjetiva, conta parte do que descobriu em sua primeira exposição individual, Retratos da Ausência: Trajetos de Ancestralidade, em cartaz até 25 de novembro no Museu Barão de Mauá.

“Queria saber o que aconteceu com meus familiares, desenhar minha árvore genealógica. É um direito de existência de todo mundo e eu fui atrás, por isso o nome da exposição. Queria retratar um espaço que, aparentemente, está vazio”, explica.

Ao todo são 23 obras expostas no salão central do museu. O eixo principal é a série Oxum – Orixá da Vaidade e suas diversas facetas, apresentadas em 16 quadros, quatro de corpo inteiro e 12 apenas da cabeça. “Mas considero os 16 um só. O que acontece nesta temática é que as histórias sempre estão vinculadas. Eles (os orixás) nunca estão sozinhos”, afirma a artista.

Talita conta que tira inspiração dos detalhes de suas andanças pelo passado. “O que mais me move é a busca pela minha identidade. Me considero fruto de um processo de miscigenação brasileira. Meu pai (que já morreu) era negro e minha mãe é branca. Então, vou atrás de um passado que não sei. A parte branca eu conheço, mas a negra não. Isso me inspira a buscar a história. Por isso, trabalho com a temática afro-brasileira”, acrescenta.

Como obra-prima, Talita usa em seus quadros tinta nanquim e bico de pena. As pinturas são feitas a partir da hachura, técnica japonesa utilizada para criar efeitos de luz e sombra. “Esse tipo de hachura é específico meu. Ela imita madeira. Fiz um tempo de xilogravura e a ideia é cavucar a madeira, ou seja, tirar a luz para desenhar. Aqui é o contrário, desenho pelo negro e tem um processo de simbologia dentro da temática racial”, explica. E continua: “Acredito muito que o processo artístico também é forma de se encontrar. É busca de si mesmo. Chega um momento da vida em que se deseja saber quem é de verdade”, acrescenta.

Além dos quadros, a mostra conta também com esculturas e instalações, mas todas interligadas com o que Talita aprendeu sobre seus ancestrais desde 2012, quando se tornou artista. O início foi com o grafite, mas o interesse pela arte surgiu muito antes, quando fez curso de História da Arte, aos 16 anos, no mesmo museu que hoje foi convidada a expor suas obras.

>Retratos da Ausência: Trajetos de Ancestralidade – Exposição. Museu Barão de Mauá – Avenida Dr. Getúlio Vargas, 276. Até 25 de novembro. De segunda a sexta, das 9h às 16h, e sábados, das 10h às 15h. Entrada gratuita.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;