A Fundação do ABC e a Prefeitura de Mauá estão em litígio. O Paço questiona a qualidade dos serviços prestados pela FUABC, responsável pela gestão das unidades de Saúde do município. Já a entidade argumenta que o Executivo mauaense deve R$ 122,9 milhões por trabalhos já realizados. A relação entre as partes está tão tensa que não causaria surpresa alguma se a parceria evoluísse para rompimento. Ninguém teria nada com o desentimento se eventual distrato não prejudicasse diretamente a população, que depende do bom funcionamento da estrutura pública para ter acesso a cuidados básicos.

Desde que assumiu o governo, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) tem elevado o nível de críticas ao trabalho da Fundação do ABC. Tudo certo, já que uma das atribuições do chefe do Executivo é justamente zelar pela boa prestação de serviços públicos. O que preocupa na história é a alternativa. Se tirar a FUABC, quem vai tocar o dia a dia da Saúde em Mauá?

Por que a preocupação? Ora, é sempre possível o risco de os serviços serem entregues a algum grupo aventureiro, sem o know-how necessário para enfrentar os desafios inerentes ao setor. E, nesses casos, todos sabem que os munícipes, especialmente os mais carentes, que não possuem planos privados nem têm dinheiro para arcar com consultas particulares, são os mais afetados pelas mudanças.

A chegada de novo comando à FUABC, o terceiro em menos de um ano, traz a esperança de que, enfim, a entidade será conduzida com a moralidade e o rigor necessários a negócio que gira mais de R$ 2 bilhões por ano. Mauá tem todo o direito de exigir qualidade nos serviços de Saúde a seus moradores. Aliás, tem a obrigação! Todavia, precisa agir com cautela e prudência para que a emenda, como alerta o ditado popular, não saia pior que o soneto. Interesses particulares não costumam ser bons conselheiros na seara pública. O diálogo e o entendimento devem preceder qualquer decisão, para que o cidadão, aquele que sustenta o sistema com seus impostos, não seja prejudicado.