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‘Forasteiros’ ocupam área em Santo André

Cerca de 18 famílias se abrigam em esqueleto de conjunto habitacional no Camilópolis

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
21/09/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Motivadas pelo alto custo do aluguel, que gira em torno de R$ 500 para moradias de dois cômodos, cerca de 18 famílias abandonaram a Zona Leste da Capital e há oito meses se arriscam, em Santo André, em um terreno abandonado na Vila Camilópolis em busca da garantia de um lar.

Abrigadas em um esqueleto precário onde deveria ser construído pela iniciativa privada um conjunto habitacional – obra está paralisada há cerca de cinco anos – , aproximadamente 50 pessoas se amontoam em pequenos espaços de concreto inacabado, com itens em sua maioria doados ou adquiridos em ferro-velho

“As pessoas costumam olhar para nós e criticar, mas poucos sabem que antes de vir para cá eu e minha família fomos obrigados a viver dentro de uma Kombi que ganhei por não ter dinheiro para bancar um aluguel. Só eu sei o que precisei enfrentar durante esse período”, relata o catador de recicláveis Jailson Lima Santino da Silva, 47 anos, um dos primeiros a chegar ao local, junto à mulher, Adriana, 30, e do filho de 5 anos.

A situação enfrentada por ele é similar à do jovem Diego Pires da Silva, 29. Desempregado, ele foi despejado no início do ano de sua antiga casa de dois cômodos, na Capital, onde pagava R$ 500. “Me sinto um lixo, pois ninguém quer estar nessa situação.”

Acompanhado da mulher, quatro filhos, mais uma afilhada, o jovem viu oportunidade de recomeço na construção abandonada. “Aos poucos, com algumas doações, temos conseguido ter alguma coisa digna. Não queremos prejudicar ninguém, só estamos aqui por falta de condições.”

A ocupação do terreno tem virado motivo de problemas com moradores que residem próximos ao local. “A população do bairro tem postado fotos nossas nas redes sociais dizendo mentiras”, explica a pedagoga desempregada Tânia da Silva Pereira de Roza, 43, outra integrante da ocupação.

A Prefeitura informou, em nota, que o terreno foi doado à Associação Santa Luzia, em 2000, que teria três anos para concluir a obra. Como isso não ocorreu, deu início a processo para retomada da área, mas que não tem legitimidade jurídica para pedir a saída das famílias.  




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