Municípios do Grande ABC lideram estatísticas criminais referente a roubos de veículos no Estado. Cinco das sete cidades da região – com exceção de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – aparecem no Top 20 das que mais tiveram ocorrências do tipo em maio deste ano, conforme aponta o Boletim Econômico Tracker – Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), divulgado no mês passado.

Elaborado com base em estatísticas criminais apresentadas pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado, o levantamento aponta que Santo André possui hoje a pior situação na região. O município aparece na terceira colocação no ranking de ocorrência de roubo de veículos, com 216 casos, atrás somente da Capital e de Campinas (confira tabela ao lado). Os números levam em consideração somente ocorrências envolvendo automóveis, caminhonetes, camionetas e picapes.

“Muitos desmanches irregulares têm se instalado em Santo André, principalmente próximo à divisa com a Capital. Esse fator é muito preocupante, pois o município tem apresentado índices elevados de roubo e furto de veículos. A situação é ainda pior quando levamos em consideração a quantidade de rotas de fuga existentes na cidade. Hoje, percebemos que muitos criminosos roubam veículos em São Paulo e levam para Santo André”, relata Rodrigo Boutti, gerente de Operações do Grupo Tracker – empresa de rastreamento de veículos.

Outros quatro municípios da região integram a lista de cidades com grande número de ocorrências: São Bernardo (4º), Diadema (5º), Mauá (7º) e São Caetano (20º). As colocações de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não foram divulgadas pelo boletim.

Ainda segundo o levantamento, quase metade dos roubos de veículos no Estado (48,01%) ocorreu no período noturno. A maioria delas em via pública (77,47%). Dentre os veículos mais visados no Estado em maio deste ano estão modelos consagrados no mercado, como é o caso do Hyundai HB20, que lidera a estatística com 82 roubos, seguido pelo VW Gol (64), Fiat Fiorino Flex (53) e GM Onix (53).

Na análise de furto de automóveis, Santo André segue como destaque negativo – figura na terceira colocação no ranking de municípios com maior número de ocorrências do tipo. Outras duas cidades da região aparecem no Top 20: São Bernardo (7º) e Mauá (10º).

Em nota, a SSP informou que “não comenta levantamentos dos quais desconhece a metodologia”. Porém, reforçou o trabalho das polícias Civil e Militar no combate a roubos e furtos de veículos com diversas operações em oficinas e estacionamentos suspeitos de serem desmanches. “O trabalho em conjunto das duas polícias proporcionou a recuperação de 3.667 veículos nas cidades da região, de janeiro a julho de 2017”, destaca o texto.

Alto índice de criminalidade tem impacto no preço de seguradoras

Na análise do gerente de Operações do Grupo Tracker, Rodrigo Boutti, os altos índices de ocorrências de roubo e de furto de veículos têm impactado diretamente nos valores elevados cobrados atualmente por corretoras de seguro no Grande ABC. “Em comparação nacional é possível afirmar que os valores cobrados em municípios da região é similar ao que motoristas do Rio de Janeiro pagam, lembrando que no Rio a situação é crítica, pois lá a taxa de roubo é alta e a cidade vive um caos (na Segurança)”.

Para o especialista, tal cenário está diretamente relacionado às estatísticas criminais da região. “O boletim mostra que cidades do Grande ABC aparecem com força entre os municípios com maiores ocorrências de roubo e de furto no Estado. Na prática, isso interfere no valor, pois quando a corretora for analisar o CEP onde a pessoa trabalha ou reside irá encontrar índices criminais alto”.

Para o professor coordenador do Núcleo de Conjuntura Econômica da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Erivaldo Vieira, é necessário esforço conjunto entre poder público e Polícia Militar. “É preciso trabalho inteligente para acabar com a indústria ilegal de venda de peças para que o índice de roubo caia e, consequentemente, os valores do seguro”, avalia.