A cada 37 horas um motorista embriagado é preso em flagrante pela polícia em uma das sete cidades do Grande ABC. Dado o grau de perigo que condutor nessa condição oferece à sociedade, trata-se de número expressivamente alto. E poderia ser muito maior caso a fiscalização fosse mais eficiente. Quem percorre a região sabe que, à noite, e especialmente aos fins de semana, ruas próximas a bares e restaurantes se tornam palco para exibicionismos automobilísticos regados a álcool.

Sabe-se que a Polícia Militar define suas ações baseada, principalmente, no mapa de ocorrências traçado de acordo com as denúncias que lhe são feitas pelos cidadãos. Talvez por receber poucas, para não dizer nenhuma, sobre embriaguez é que esteja encontrando tanta dificuldade para realizar blitze em locais estratégicos das sete cidades – embora, pela lógica, fica fácil deduzir que boa parte dos infratores deve circular pelas imediações de bares e casas noturnas.

Outro entrave para o estrito cumprimento da chamada Lei Seca, que manda prender o condutor alcoolizado, é o direito que o motorista tem de se recusar a fazer o teste do bafômetro – situação que registrou crescimento de 62,96% no Grande ABC no primeiro semestre de 2017 quando comparado ao mesmo período do ano passado. Há pouco tempo, até um vereador de Ribeirão Pires recorreu ao expediente para evitar o flagrante, logo após atropelar uma mulher e a filha dela.

Como se vê, o desafio das autoridades é gigantesco, mas o grau de dificuldade não pode servir de subterfúgio para impedir ações. Pelo contrário. Deve ser utilizado como estímulo. Os irresponsáveis que bebem e dirigem, colocando em risco não apenas a própria vida, mas as dos demais cidadãos, devem ser identificados e punidos com o rigor da legislação. Se determinados condutores insistem em combinar álcool com direção é porque não temem ser flagrados. Para mostrar que pensamentos sobre impunidade são equivocados, ao menos no Grande ABC, as polícias precisam aprimorar seus métodos de fiscalização. E já!