Economia Titulo Em julho
IPCA atinge menor taxa desde 1999, aos 2,71%

No mês, inflação alcança 0,24%, pressionada por aumento da conta de luz e de combustíveis

Gabriel Russini
Especial para o Diário
10/08/2017 | 07:31
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O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, acumulou 2,71% nos últimos 12 meses encerrados em julho. Trata-se do patamar mais baixo desde fevereiro de 1999 que, à época, somou 2,24%.

Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamento mede a inflação para famílias que possuem rendimento entre um (atuais R$ 937) e 40 salários mínimos (R$ 37.480) e que vivem em 13 regiões metropolitanas do País.

Depois de o IPCA registrar a primeira deflação em 11 anos, em junho, aos - 0,23%, no mês passado houve avanço de 0,24%. No mesmo período em 2016, porém, para se ter ideia, a inflação havia acelerado 0,52%. No acumulado de 2017, o índice está em 1,43%, percentual bem inferior aos 4,96% registrados entre janeiro e julho do ano passado.

Na análise dos últimos 12 meses, esta é a primeira vez em que o IPCA fica abaixo do piso da meta de inflação estipulada pelo governo desde março de 2007. O piso da meta estipulada pelo BC (Banco Central) é de 3%, 1,5 ponto percentual menos que o centro da meta, de 4,5% ao ano.

Em julho, contribuíram para puxar o IPCA para cima os gastos com energia elétrica (6%), habitação (1,64%) e transportes (0,64%). Ainda assim, foi o menor resultado para o mês desde 2014, quando o índice ficou em 0,01%.

O maior impacto individual se deu pela mudança da bandeira tarifária das contas de luz, de verde para a amarela, a partir de 1° de julho, representando cobrança adicional de R$ 2 a cada 100 quilowatts consumidos. Outra alta determinante foi o aumento dos combustíveis, pois, no dia 20 de julho, o governo anunciou a alta das alíquotas de PIS/Cofins, que incidiu em aumento de R$ 0,41 na gasolina e R$ 0,21 no diesel, nas refinarias, e R$ 0,11 no etanol nas usinas.

Em contrapartida, o grupo de alimentação e bebidas recuou 0,47%.

Para o professor de Economia da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) George Sales, o resultado está atrelado ao baixo nível de atividade econômica. “O dado engana. Com o desemprego em grande escala, a tendência é que as pessoas consumam menos e, consequentemente, haja uma queda de preços por parte dos vendedores, o que acaba puxando o índice para baixo”, explica.

Questionado a respeito dos impactos para o próximo mês por conta de mais um aumento nas contas de energia decorrente da mudança para a bandeira vermelha e do maior uso de termelétricas por conta da estiagem, Sales avalia que “a pressão não será grandiosa, muito menos perceptível”.

Na avaliação do coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, apesar dos motivos que levaram ao recuo da inflação estarem longe do ideal, o índice está em patamares similares aos de países mais desenvolvidos. “Acredito que, até o fim do ano, o IPCA feche em torno de 3,9% a 4,2%, o que ajuda as pessoas menos favorecidas.”

Para Balistiero, caso o cenário político não apresente mais turbulências, a tendência é a de que o indicador não sofra alterações radicais até dezembro. 




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