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Disel na veias

No Grande ABC, pessoas associam suas histórias de vida ao universo dos pesados

Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
21/07/2017 | 11:05
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Nario Barbosa/DGABC


O caminhoneiro Angelo Silva de Almeida, 65 anos, nunca pensou que os veículos pesados entrariam em sua vida. Mas após ser demitido da empresa na qual trabalhava (em 1980), o morador de São Caetano começou a fazer entregas em postos de combustíveis com o implemento tanque. “Depois disso, nunca mais parei”, conta.

Assim como ele, muitas pessoas estão inseridas no universo dos caminhões, com os quais dividem suas histórias de vida, seja dirigindo, consertando ou até mesmo atuando nas várias fábricas localizadas no Grande ABC – de onde saem milhares desses bichões da estrada anualmente.

Este é, por exemplo, o caso de Rogério Matheus, 60, master driver da Scania. O morador de São Bernardo tem por função treinar motoristas de todo o Brasil a fim de mostrar o melhor desempenho dos pesados e, consequentemente, facilitar a vida destes profissionais. Ele conta que sempre alimentou paixão por caminhões. “Meu pai fazia carreto e, desde criança, soube que era isso que queria para a minha vida”, conta ele. “Para seguir na vida de caminhoneiro, não pode ter sangue, precisa ter diesel nas veias”, define.

Na Ford, quem recentemente mergulhou de cabeça no universo dos pesados foi Oswaldo Ramos. Até então, o executivo atuava como diretor de marketing da área de automóveis (na própria montadora), mas a oportunidade de ir para o segmento de caminhões (gerente geral de vendas, marketing e serviços) surgiu há um ano devido ao constante rodízio que a empresa realiza entre seus funcionários – com foco em desenvolvimento. “Eu atuei no setor (de caminhões) há 15 anos e, agora, eles voltaram a fazer parte da minha história. É um mundo completamente diferente, porque é necessário lidar com vendas corpo a corpo e não em massa, como acontece no universo dos carros”, explica ele, que enfatiza: “É um aprendizado muito grande!”

Por falar em vendas, só em junho, mais de 4.100 caminhões foram comercializados no Brasil, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o que exige árduo trabalho de milhares de vendedores espalhados pelas concessionárias do Brasil.

OUTRAS ÁREAS

E tem gente que veio de áreas completamente diferentes, mas também caiu de paraquedas no segmento de caminhões, como o comerciante Valdemir Aparecido da Silva, 58, de Mauá. Ele assume que gosta desse tipo de veículo desde criança, por isso, na década de 1990 tirou carteira de habilitação categoria D, apenas por enxergar a oportunidade de, no futuro, dirigir caminhão. E eis que este futuro chegou! Dono de um restaurante, “comprei um caminhãozinho porque, pelo volume de coisas que carrego, me atende perfeitamente. Sem contar o ótimo custo-benefício da economia e capacidade de carga”, relata.

E, claro, não dá para falar em caminhão sem lembrar dos food trucks, que se proliferaram pelo Brasil nos últimos anos. Uma das pessoas que investiu neste segmento foi Alcibíades Baesa Júnior, 50, também de Mauá. “Eu sou advogado de formação (ainda advoga, apenas em causas que compensem financeiramente), mas iniciei neste ramo em 2013 como saída para driblar a crise”, conta ele, que comercializa salgados, queijos e vinhos, na Capital.


Caminhões: veículos que substituíram os carros de boi

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC

Pela antiga Borda do Campo, depois Freguesia e Município de São Bernardo, hoje Grande ABC, passavam os tropeiros com suas cargas, conduzindo boiadas.

Originava-se a Procissão dos Carroceiros, termo usado só no século 20 – antes disto dizia-se: Procissão dos Carros, numa relação com os meios de tração animal, como carroças, carroções, carretões de bois, aranhas, charretes. Estes eram os nossos meios de transporte em tempos idos, como de resto ocorria por este Brasil afora.

E os caminhões? Os automotivos aqui na região nascem ainda na República Velha, com modelos importados pelos grandes centros e depois revendidos para os sítios do subúrbio. Quem tinha caminhão se transformava em intermediário, transportando produtos da terra para São Paulo e Santos.

Lentamente termina o ciclo dos tropeiros, primeiro seriamente afetado pela passagem da estrada de ferro, no século 19, e num segundo momento pelos caminhões importados e usados – e os zero-quilômetro adquiridos pelos mais bem situados financeiramente, comprados nas primeiras revendedoras Ford e Chevrolet localizadas, principalmente, em Santo André.

Dos anos 1940 para a frente, no pós-guerra, o Grande ABC, que já tinha a montadora GMB, recebe outras fábricas do gênero, como a Varam Motores, Brasmotor e International.

Com todas essas possibilidades, ofusca-se e elimina-se de vez a prática das tropas conduzidas por homens bravios, a cavalo, e suas tropas de mulas e bois. 




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