Economia Titulo Crise
Construção civil demite dez operários por dia

Apesar de retomada entre abril e maio,
estoque de trabalhadores cai 9% em um ano

Gabriel Russini
Especial para o Diário
20/07/2017 | 07:28
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Divulgação


A construção civil do Grande ABC extinguiu 3.691 postos com carteira assinada nos últimos 12 meses encerrados em maio, o que equivale a cerca de 10 cortes por dia. No quinto mês de 2016 havia 44.334 profissionais do ramo empregados em construtoras da região. Em maio, porém, o estoque de operários baixou para 40.643, redução de 9%.

Os dados foram levantados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), com base em informações do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

Em relação ao desempenho mensal, pelo segundo mês consecutivo houve mais contratações do que demissões na construção do Grande ABC. Em abril, após 30 meses seguidos de saldos negativos, o setor voltou a admitir na região, com 67 postos. Em maio, as contratações aceleraram e houve a criação de 189 vagas.

Segundo o levantamento, o que capitaneou o resultado foi o comportamento de São Caetano, que verificou saldo (admissões menos dispensas) positivo de 507 postos de trabalho. Na avaliação da diretora regional do SindusCon-SP de Santo André, Rosana Carnevalli, a performance do município, assim como a da região, é pontual. “Acredito que o número seja puxado por alguma construtora da cidade que esteja atendendo demanda em outro local”, avalia.

Ainda na opinião de Rosana, os próximos índices poderão ser afetados negativamente em razão dos cenários político e econômico que o País atravessa. “Com o aumento da instabilidade e do desemprego, as pessoas ficam temerosas em financiar imóveis, que são investimentos de longo prazo.”

Para o presidente da Acigabc (Associação das Construtoras, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) Marcus Santaguita, o saldo positivo expressivo apresentado por São Caetano não condiz com a realidade. “O mercado está estagnado na cidade, que não lançou empreendimentos em 2016 por conta da lei atual”, diz.

Em 2015, ainda na gestão do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), o Plano Diretor Estratégico estipulou legislação que restringe a verticalização do município até 2025, na qual o tamanho dos prédios não pode ultrapassar a maior construção da cidade, que possui 22 andares.

Na ausência de lançamentos, assim como Rosana, Santaguita acredita que o número seja de empregados registrados em construtoras locais que atuam fora. “Os últimos lançamentos foram há dois anos, não há algo (na cidade) que justifique essa alta.” 




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