Política Titulo Editorial
Sujeitos de direitos
Do Diário do Grande ABC
17/07/2017 | 10:18
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Arte/DGABC


O número de desempregados no Brasil está na casa dos 14 milhões, e não se vê no curto ou até no médio prazo a possibilidade de a curva entrar na descendente porque a situação está ligada à crise econômica que se abate sobre o País já há um bom par de anos. E também porque desde 2014, quando Dilma Rousseff (PT) foi reeleita, é alimentada pela crise política que a cada delação premiada joga mais lenha na fogueira que tem queimado reputações que nunca antes na história deste País foram colocadas em dúvida.

O fato é que a questão aqui não é bem o desemprego, mas o rastro de destruição que ele deixa ao tornar ainda mais miseráveis milhares de famílias que a muito custo conseguiam sobreviver com o pouco que ganhavam. Mesmo em condições precárias, podiam viver com dignidade e dar aos filhos a esperança de seguir por outra estrada a partir do estudo. 

Sem o salário que garante o pão de cada dia, muitas dessas crianças e adolescentes vão parar nas ruas em busca de alguns trocados e ‘esquecem’ a escola. Não raras vezes são cooptados pelo dinheiro fácil do tráfico, como alerta o sociólogo Rogério Baptistini em reportagem de hoje deste Diário sobre os 27 anos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Criado para garantir os direitos e a proteção integral da criança e do adolescente por meio de políticas públicas voltadas sobretudo àquelas em situação de vulnerabilidade social, o ECA obteve avanços nesses 27 anos e tem cumprido seu papel, na medida em que transformou crianças e adolescentes em sujeitos de direitos. No entanto, especialistas já não escondem preocupação com relação à ameaça que paira sobre as conquistas. 

Não descartam que possa haver retrocesso, empurrado pelas crises econômica e política que têm feito minguar os recursos das administrações municipais, a quem cabe de fato a responsabilidade por criar e manter programas que lhes permita cumprir o estatuto. Não importa. O cofre menos cheio não pode servir de desculpa para abandonar à própria sorte milhares de crianças e adolescentes. Não se pode permitir que passem a ser invisíveis nas ruas.




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