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Animais soltos nas rodovias aumentam risco de acidentes

Em 2016, foram 79 casos em viários do Grande
ABC, a maior parte com bichos de pequeno porte

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
14/07/2017 | 07:20
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Denis Maciel/DGABC


A presença de animais em rodovias do Grande ABC resultou, no ano passado, em 79 acidentes. A maioria dos casos foram com bichos de pequeno porte, principalmente, cães.

A rodovia Índio Tibiriçá (SP-31), que passa por Ribeirão Pires e Rio Grande da Serram, somou o maior número de registros: 50 acidentes envolvendo animais domésticos e equinos, segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Os dados de 2017 estão sendo tabulados.

Do quilômetro 66 ao 102 do Rodoanel Sul (trecho que passa por São Bernardo, Santo André, Ribeirão Pires e Mauá) e mais os 4,5 quilômetros de entroncamento com a Avenida Papa João XXIII, no município mauaense, que integra o Rodoanel Leste, a concessionária SPMar registrou 15 casos de acidente envolvendo animais. Neste ano, já foram sete.

Segundo a concessionária, em 2016 houve 235 ocorrências com bichos, abrangendo cães, bois, cavalos, éguas e mulas. A SPMar intitula como ocorrência resgate, acidente e atropelamento envolvendo bichos de qualquer espécie.

Já no primeiro semestre de 2017 foram computados 209 situações com estes perfis. Os animais recolhidos pela equipe da SPMar são encaminhados para instituições especializadas. No primeiro semestre de 2016, 20 animais foram capturados, passando para 25 no mesmo período deste ano. A concessionária explica que os cães representam 72% dos bichos encontrados na via.

No SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), sob responsabilidade da Ecovias, ocorreram 14 acidentes com animais em 2016, sendo 12 em território de São Bernardo e dois em Diadema. Até 30 de junho deste ano foram registrados sete acidentes com animais: cinco em São Bernardo e dois em Diadema. A concessionária salienta que a maioria é de caninos.

A situação de animais presentes nas pistas é fator de alto risco, frisa o diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) Dirceu Rodrigues Alves Júnior. “(No caso de animais de pequeno porte), a ação dos motoristas é desviar, sair da pista para não atropelar e, nisso, pode colidir com outro veículo, ciclista ou motociclista. Já o acidente com animais de grande porte vai produzir danos graves em termos de lesões e até possibilidade de óbito do motorista e passageiros.”

PROBLEMÁTICA
A bióloga e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes vê o problema da presença frequente de animais nas rodovias por duas óticas. “Temos áreas verdes de menos e rodovias que atravessam normalmente locais que deveriam ser áreas de proteção. Os animais silvestres sofrem demais, porque a rodovia passou por um espaço que era deles”, salienta.

O outro ponto destacado pela especialista é o abandono de animais, principalmente os domésticos. “É importante que as concessionárias façam campanhas de posse responsável, mas não adianta que somente elas o façam, tem de ter também os municípios realizando essa questão.”

Grande parte da presença de animais na pista é potencializada pelo lixo e restos de comida que alguns motoristas jogam nas rodovias. Para Marta, o ato precisa ser repreendido com rigor pelas empresas responsáveis pelas rodovias. “As concessionárias têm de fazer campanha também para que as pessoa não joguem lixo na estrada e acho que deveria haver multa para isso. Já que tem tanto radar inteligente, câmeras, a pessoa jogou lixo tem de ser multada e, quando for pagar multa, tem de receber uma orientação sobre a questão de jogar lixo e a posse responsável”, argumenta.

“Nós, da espécie humana, somos o grande problema. Os cachorros estão lá, os animais silvestres também e somos nós que bagunçamos tudo desse equilíbrio ambiental. Temos de ser educados e tem de haver processo de educação contínua com a população para que essas coisas não aconteçam”, conclui.
 




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