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Softwares grátis espionam os PCs
Landa Xavier Moino
Do Diário do Grande ABC
09/07/2001 | 17:43
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O internauta que faz download de softwares gratuitos na Web pode achar isso o máximo, mas, embora não saiba, paga um preço por boa parte dos freewares: a invasão da sua privacidade. Isso ocorre graças ao spyware, ferramenta que pode ser instalada no computador do usuário, sem autorização, capaz de rastrear seus passos, assim como o seu disco rígido em busca de informações que, quando on-line, são remetidas ao fabricante do programa ou a alguma empresa de marketing.

Assim como os cookies que residem no browser, o spyware tem o objetivo de monitorar os passos do internauta em relação aos seus hábitos de consumo, a fim de que as empresas invasoras façam marketing direto.

Segundo José Antunes, gerente de sistemas da Symantec – empresa de tecnologia de segurança na Internet –, embora ainda haja dúvidas no que se refere à definição de spyware, seu conceito pode ser explicado como um programa que possui ferramentas para monitorar os hábitos do usuário na rede sem o seu conhecimento enquanto roda o programa freeware.

“Entre os dados informados estão o IP do usuário, que permite conhecer quem é o provedor de acesso, a lista de softwares que foram instalados e a relação de páginas visitadas, além de banners clicados e as ações executadas on-line”, afirma Antunes.

Estudo conduzido pela Universidade de Denver em conjunto com a organização não-governamental Privacy Foundation, dos Estados Unidos, revelou que os internautas fornecem informações demais em troca dos downloads. O estudo diz ainda que a falha está apenas no fato de os programas não informarem sobre o destino dessa coleta de informações.

Essa, na verdade, foi uma maneira que os proprietários dos direitos dos softwares ditos freeware desenvolveram para obter lucro com as cópias gratuitas. “No momento do download nada acontece, o programinha espião só ataca depois de instalado e quando está aberto”, explica Ricardo de Andrade Nakano, analista de suporte técnico da Trend Micro, empresa fornecedora de conteúdo de segurança na Internet. “Pelo que se sabe, as informações são utilizadas apenas para envio de promoções, ofertas e sorteios. Desta forma, ainda não é considerado crime.”

Embora no Brasil o spyware tenha sido pouco abordado (basta navegar pelos sites das empresas de antivírus ou entidades que estudam a privacidade on-line para notar que não há nenhuma referência ao assunto), nos Estados Unidos já há uma mobilização contra essa prática.

Um artigo publicado no site de notícias sobre legislação FederalCourts (www.federalcourts.com), escrito por Dale Haag, presidente da Net-Defender, especializada em segurança de computadores, informa que uma das maiores distribuidoras das informações dos usuários é a Radiate, companhia que incorpora publicidade em mais de 400 programas gratuitos.

O artigo diz ainda que o principal arquivo que se instala no disco rígido dos usuários com o programa para o envio de informações é o advert.dll. A Radiate, por sua vez, defende-se afirmando que não esconde as informações, pois quem visitar as páginas dos programas e entrar em sua política de privacidade verá que tudo é feito legalmente.




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