"Sempre recebemos muitas produçoes, desde as amadoras até as profissionais", conta a nova coordenadora do setor visual do museu, Christina Mello. Mas nao era o bastante. "Percebemos que falta referência aos videomakers brasileiros; eles produzem muita coisa mas nao fazem nem idéia do que já foi feito no mundo".
Sérgio Nesterivk, produtor cultural do MIS, completa: "Muitas vezes recebemos trabalhos geniais mas quase iguais ao que se fazia nos anos 70; é como começar sempre da estaca zero". Na opiniao deles, a videoarte foi favorecida pela democratizaçao do acesso aos meios eletrônicos. "Nos anos 80, ninguém tinha câmera porque os equipamentos eram muito caros", explica o produtor cultural Teco Franco. "Hoje, qualquer um sai filmando; o vídeo está adquirindo a funçao da fotografia".
Mas esse "novo artista" tem de ter a chance de conhecer a história da videoarte. "As fontes de referência dos vídeos que analisamos sao a televisao e a publicidade; agora, com o computador, o ritmo de produçao vai ser ainda mais acelerado", completa. O fato de ser uma arte nova também dificulta o conhecimento. "A videoarte surgiu nos anos 50, mas ganhou força mesmo há 20 anos", conta Christina. "Agora é que estao surgindo referências e conceitos; nao é como a pintura, que possui uma história de séculos", diz Sérgio.
Vídeo 2000 - Para levar a esse novo público formaçao e informaçao, além de promover o encontro com estudiosos e produtores culturais, foi criado o projeto "Vídeo 2000", com vários módulos, que se complementam. O primeiro deles é "Referências Videográficas", que vai mostrar e contextualizar a obra de um artista, utilizando o acervo do MIS. O tema da primeira mostra é José Aguilar, com exibiçao de trabalhos a partir das 18h desta terça.
Aguilar também é tema do Grupo de Estudos e Discussoes - A Arte em Vídeo no Brasil, que todo mês vai discutir o que está sendo criado e o que já foi produzido no Brasil. A primeira sessao será no dia 11, às 20h.
Já o módulo "Vídeos Inéditos" tem objetivo quase oposto ao de "Referências". Como o nome diz, vai lançar os novos trabalhos. Os temas da programaçao englobam de videoarte a documentários, passando por animaçao e publicidade. "O que importa é mostrar para o público", diz Christina.
Aproveitando as comemoraçoes dos 500 Anos do Brasil, a atraçao deste mês será o lançamento dos vídeos "No Tempo das Chuvas", "Wapté Mnhono" e "Moyngo", realizados por índios que participam do programa Vídeo nas Aldeias.
Espaço também aberto à reflexao sobre questoes atuais e multiculturais, o módulo Painel Temático aborda, neste mês, o tema O Indio: "Representaçao e Auto-imagem". "Além de mostrar como o índio se retrata nos vídeos que produz, vamos discutir como sua imagem foi tratada no cinema, por meio de mostras e debates com estudiosos", conta Christina.
Outra atraçao que vai expressar o novo modo de o museu relacionar-se com o público vai ser a "Mostra MIS de Vídeo", que foi criada em 1997 e reúne os mais importantes trabalhos realizados em vídeo no País. Neste ano, a mostra será realizada em novembro e vai contar com várias atividades. As atividades do projeto Vídeo 2000 têm entrada franca.
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