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Diadema é mais violenta da região

Dados são de mapeamento que considerou
homicídios e mortes brutais entre 2005 e 2015

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
06/06/2017 | 07:07
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Divulgação


Diadema é a cidade mais violenta do Grande ABC, enquanto São Caetano é a mais segura, conforme informações do Atlas da Violência 2017, estudo produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Os dados, divulgados ontem, consideram números de 2005 a 2015 e mostram que o índice que junta homicídios e mortes violentas com causa indeterminada em território diademense é de 22,8 para cada 100 mil habitantes, a maior entre as sete cidades. Logo em seguida vem Mauá, com apenas um décimo de diferença (mais informações ao lado).

Diadema já chegou a ser a mais violenta do País. Em 1997, a taxa era de 140,4 homicídios para cada 100 mil habitantes, conforme números do Datasus (Ministério da Saúde). Entre as medidas instituídas para a redução das mortes foi aplicada a Lei de Fechamento de Bares, em 2002.

Enquanto isso, São Caetano tem o melhor índice (12 pontos), ficando em 34º lugar no ranking que considera 304 municípios com mais de 100 mil habitantes (por isso, não é possível encontrar Rio Grande da Serra) no País.

O mapeamento considerou homicídios e mortes violentas do período de uma década, entre 2005 e 2015, baseado em dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade) do Ministério da Saúde e informações dos registros policiais publicadas no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Conforme especialistas, os índices na região são alarmantes e pedem urgência na criação de políticas públicas. Eles citam que nenhuma cidade ficou com índice menor a 10, o máximo considerado aceitável pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Para o especialista Marco Aurélio Florêncio, professor de Direito Penal do Mackenzie, fica claro que os resultados mostram que a economia é um fator determinante na taxa de mortes. “Quanto menor o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), maior vai ser a criminalidade”, comentou.

O professor de Direito da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e especialista em Segurança Pública David Pimentel Barbosa de Siena cita que há semelhanças entre as duas cidades com piores índices, Diadema e Mauá.

“A falta de equipamentos públicos, a carência e a grande presença da população alvo dessa violência, que são os jovens de 20 a 29 anos, pardos e mais pobres. grupo que nesses municípios é mais predominante em comparação a outras cidades. São grupos em situação de risco, e a falta de serviços públicos leva à violência. Aliás, costumo dizer que em relação a homicídios, a polícia somente pode atuar de duas formas, esclarecendo os casos e não matando, já que prevenir é bem difícil”, disse.

Mesmo com a suposta boa colocação de São Caetano, Siena afirmou que os municípios na região ainda têm muito a melhorar. “Santo André e São Bernardo precisam de ação estatal mais efetiva. Não tem nada a se comemorar nas outras cidades, até mesmo Ribeirão Pires, uma surpresa negativa, porque deveria estar mais próximo de São Caetano por ser menor estância turística.”

Com o cenário de crises política e econômica, a tendência é que a situação fique ainda pior. “Quando não se tem políticas em uma direção contrária, não apenas de formação social, mas cultural da população, essas pessoas não se sentem ligadas a um objetivo, de construção de uma vida comunitária”, afirmou a professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Metodista de São Paulo Claudete Pagotto.

BRASIL
As regiões Norte e Nordeste somam 22 municípios no ranking dos 30 mais violentos em 2015. Entre os mais pacíficos, 24 são cidades localizadas na região Sudeste.

A Bahia tem quatro cidades entre as dez onde há mais assassinatos proporcionalmente: Lauro de Freitas, Simões Filho, Teixeira de Freitas e Porto Seguro. A mais violenta, porém, é Altamira, no Pará, com 107 homicídios por 100 mil habitantes.

Já na outra ponta, destaque para São Paulo, com cinco municípios – Americana, Jaú, Botucatu, Bragança Paulista e Jundiaí – entre os dez mais pacíficos. Mas nas duas primeiras colocações do ranking, contudo, aparecem duas catarinenses: Jaraguá do Sul e Brusque.

Preocupação é com crimes passionais

Conforme os delegados seccionais da região, os homicídios que mais preocupam são os passionais, que ocorrem dentro de casa e a vítima e o agressor se conhecem, e os acertos de contas. Conforme dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado, no acumulado de janeiro a abril deste ano o número de vítimas fatais foi de 72 pessoas nas sete cidades, contra 51 no primeiro quadrimestre de 2016.

O delegado seccional de São Bernardo e São Caetano, Aldo Galiano Júnior, afirmou que neste ano, quando foram registrados 17 homicídios, apenas três não foram esclarecidos. “No mês de abril, que foi totalmente atípico, tivemos nove homicídios e cinco passionais, o que é muito difícil de fazer a prevenção. Dois foram esclarecidos como acerto de contas entre bandidos e são crimes mais violentos”, disse.

O índice de esclarecimentos da delegacia seccional de Santo André fica em torno de 40%. A maioria dos registros também é de passionais e acerto de contas. “Estamos com foco nas ocorrências de latrocínios e homicídios deste ano. Estou pedindo prioridade nesse tipo de investigação”, destacou o delegado Hélio Bressan, também responsável por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra,

A SSP informou que as políticas de combate aos crimes contra a vida desenvolvidas no Estado resultaram na queda expressiva de ocorrências deste tipo. “Os números, apresentados mensalmente pela Pasta, mostram a contínua redução dos últimos anos. O Atlas da Violência 2017 confirma que São Paulo apresenta o melhor desempenho na comparação com os outros Estados. São Paulo teve a maior redução da taxa de homicídios dolosos por grupo de 100 mil habitantes de 2005 até 2015 (44,3%)”, informou em nota.

Além disso, a Pasta citou que dados oficiais mostram que a taxa ficou em 8,73 por 100 mil habitantes em 2015. “Desde então, o índice continuou em queda, atingindo 7,92 por 100 mil habitantes em abril, redução de 9,2%. Além disso, o Atlas mostra que entre os 30 municípios brasileiros mais pacíficos, 19 estão no Estado de São Paulo.” 




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