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Gigante de TI aposta no setor automotivo
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
01/08/2010 | 07:34
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A gigante de TI (Tecnologia de Informação) norte-americana Google, famosa pelo site de pesquisa que leva o seu nome, por sua rede de relacionamentos Orkut e pelo portal de vídeos Youtube, entre outros produtos, tem como um dos focos de atuação no Brasil, na área comercial, o atendimento à indústria automobilística, segmento em que a empresa busca relação de proximidade.

"A gente atua de forma verticalizada por segmentos. Cada vez mais aprimoramos essa atuação e um dos verticais é o automotivo. A gente procura trazer profissionais dessa área para o Google e trabalhar especificamente a necessidade das montadoras", afirmou o diretor comercial para área automotiva, Andreas Huettner.

O foco do Google no segmento se justifica, segundo o executivo, já que o mercado nacional de carros vem em forte expansão. Neste ano, por exemplo, vem em disputa acirrada com a Alemanha, pela quarta posição no ranking mundial de comercialização de veículos novos, devendo passar das 3,1 milhões de unidades vendidas em 2009 para 3,4 milhões em 2010.
A expansão do setor se reflete na atividade da empresa. "É importante para nós entendermos e trabalharmos com as fabricantes de veículos. A busca por montadoras e por termos que são palavras chaves (no site de buscas Google) está aumentando muito no Brasil, com crescimento de quase 100% por ano", afirmou.

O interesse da companhia pelo País também se explica pelo reaquecimento da economia e pelo expressivo crescimento da demanda por ferramentas virtuais. Não à toa, recentemente, a gigante norte-americana transferiu para a filial de Belo Horizonte (onde funciona seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a América Latina) a responsabilidade por planejar e administrar o Orkut em todo o mundo, compartilhando com a Índia o desenvolvimento e engenharia para o site.

O Brasil se destaca na utilização dessa rede de relacionamento e também no acesso à internet, de forma geral. De acordo com levantamento da empresa, enquanto 57% dos brasileiros usam o Orkut diariamente, na Índia são 42% e, nos Estados Unidos, 37%. Além disso, hoje são cerca de 68 milhões de internautas no País e o mercado cresce 30% a 40% por ano.

EXPERIÊNCIA - O diretor comercial conhece bem o mercado automobilístico nacional, tendo atuado em fabricantes no Brasil. Huettner, que é austríaco, teve a oportunidade de vir ao País em 1994 como parte de um programa de intercâmbio da faculdade que cursava (de Leoben, na Áustria) com a Fundação Getulio Vargas, onde completou seu doutorado. Nesse período, iniciou sua carreira na área de engenharia da Mercedes-Benz do Brasil. Pouco anos depois, foi convidado para gerenciar a área de compras internacionais da Audi na Alemanha.

Em 1998, voltou ao Brasil, para assumir a coordenação de projeto da nova fábrica da Volkswagen e Audi do Brasil em Curitiba, onde ficou até 2000 - quando regressou à Europa para assumir a diretoria de business development da Bertelsmann New Media - maior empresa de mídia no continente europeu.

Depois passou, novamente, pela Volkswagen, convidado para comandar a operação de marketing e vendas da divisão de TI em Berlim, função que exerceu até 2006 quando assumiu a direção de vendas do Google Automotive Alemanha em Hamburg. Em 2007 foi convidado para a diretoria de vendas na filial brasileira do Google.

Crescimento da classe C é outro atrativo do País

A companhia, que no ano passado faturou US$ 23,65 bilhões no mundo, aposta na expansão da economia do País e no aumento do poder de compra do brasileiro. Huettner citou recente pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas), que aponta que a classe C, correspondente à nova classe média, hoje representa 49% da população brasileira e deverá chegar a 56% em 2015.

Outros fatores também animam a empresa, como a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e a Olimpíada em 2016, que devem gerar mais investimentos públicos em infraestrutura.

MÃO DE OBRA - No entanto, há um ponto de preocupação. Apesar de o País ter grande potencial de crescimento para a companhia, o mercado nacional ainda carece de profissionais de mídia digital, na avaliação do executivo. Ele considera que as universidades brasileiras precisam incluir essa disciplina nos currículos. "(Essa área) está crescendo bastante no Brasil; um dia vamos chegar no nível da Inglaterra, onde 30% da mídia é digital", assinalou.

Relacionamento com a indústria inclui diversas ferramentas

O diretor da Google cita que há diversas formas de atuação da companhia para atender a área automotiva no Brasil. Uma delas é o Google Insights for Search, ou Google Tendência, que mostra a palavra chave pesquisada pelos usuários e também a quantidade de vezes que o termo foi acessado ao longo do tempo.

E exemplifica: "Pegando (o nome de) uma montadora, você pode olhar quanto foi a busca ao longo dos últimos cinco anos. Mas não é só isso, você vê de onde vem a busca, se vem de São Paulo, do Rio ou do Amazonas, para (a empresa automobilística) reagir às necessidades dos usuários".

Ele acrescenta que é possível procurar outras palavras que foram colocadas na mesma hora, ou seja, combinações de termos, para refinar o trabalho de identificar que tipo de consumidor busca determinada marca.

O segundo pilar do atendimento ao setor, segundo o executivo, é o YouTube, que hoje conta (até junho) com 22 milhões de usuários no País.

Depois do Google, é o segundo site mais utilizado como busca e, além disso, serve como ferramenta de interação. Isso significa que os usuários não apenas assistem, mas também colocam seus vídeos.

A terceira grande coluna da estratégia de atuação da gigante global no segmento automotivo é o Orkut, em que o Brasil se destaca. "É um fenômeno nosso (do País). Se considerarmos que são 68 milhões de brasileiros na internet e, destes, há 40 milhões cadastrados no Orkut, percebemos que quase todos usam (essa rede social)", observou.

Por sua vez, a quarta coluna de ação da companhia é menos conhecida. A empresa tem contratos com vários sites no Brasil e veicula mídia deles para as montadoras. Segundo ele, 75% dos sites fazem parte dessa rede de conteúdo.

Ele exemplifica: "Se alguém está lendo um artigo sobre carros em um site, a empresa entende (que está sendo feita a leitura sobre o tema) e permite à montadora colocar um formato de conteúdo (publicitário) no próprio site. Ou seja, a tecnologia possibilita a veiculação de mídia".

E, por último, há a ferramenta da tecnologia de informação para a mobilidade, que vem em crescimento. Levantamento realizado pela Huawei, em parceria com a Teleco, aponta que, pela primeira vez na história, neste ano, os usuários de banda de larga móvel ultrapassaram os de banda larga fixa. Os primeiros tiveram acréscimo de 4,9 milhões no primeiro trimestre, o que elevou a base de clientes a 11,9 milhões de clientes. Já o total de assinantes da banda fixa encerrou os três meses iniciais deste ano em 11,8 milhões de clientes.

Descontração marca ambiente de trabalho

Foi em meio a um ambiente de trabalho descontraído, em que os funcionários têm à disposição salas equipadas com mesa de sinuca, pingue-pongue, jogos de tabuleiro, games, televisão e redes para tirar uma soneca, que a equipe do Diário encontrou o diretor comercial da Google Brasil para a área automotiva, Andreas Huettner, para uma entrevista sobre a atuação da gigante global no mercado brasileiro e a relação de negócios com o segmento automobilístico nacional.

Huettner afirmou que a descontração é um diferencial da empresa. Ele destacou que essa filosofia, de privilegiar o espírito jovial, aberto a novidades, é algo que vem desde que a companhia foi fundada em 1998 por dois estudantes de doutorado da Universidade Stanford - Larry Page e Sergey Brin -, na Califórnia (Estados Unidos). "Eles entenderam que a motivação das pessoas, o relacionamento, funciona só em um ambiente descontraído. É importante se juntar para jogar snooker e também para resolver problemas", disse.

A empresa aposta que, em espaços agradáveis, divertidos e que privilegiam a informalidade e o espírito colaborativo, a criatividade fica mais fácil de aflorar, acrescenta o gerente de relações públicas, Emmanuel Evita.

Dessa forma, está estruturada a sede da companhia no País, em dois andares de um edifício empresarial em São Paulo. Logo na entrada do escritório, o famoso logotipo e a decoração com círculos coloridos nas paredes e grandes bolas de plástico nas salas de relaxamento sinalizam que esse não é, definitivamente, um ambiente corporativo comum.

Os sinais da descontração também são verificados em outros espaços. Há local para massagem e para sessão de ioga. Outro exemplo: nas paredes de uma das entradas dos funcionários, marcas de mãos, com tintas de várias cores, feitas pelos próprios colaboradores.

E a empresa costuma realizar, de tempos em tempos, festas de confraternização. Os espaços para relaxamento e os eventos festivos, no entanto, não excluem a responsabilidade e o foco no trabalho. "Batendo sua meta, ninguém vai falar (para o funcionário): não faça isso agora", acrescentou Evita.

Trabalho não falta. A empresa tem além, dos famosos sites de buscas, de rede social e de vídeos, mais de 100 produtos.




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