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Fóssil encontrado na China é falsificado
Das Agências
28/03/2001 | 17:06
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O fóssil do arqueoraptor, "encontrado" na China e usado para argumentar que os pássaros descendem dos dinossauros, é uma falsificação habilmente fabricada com ossos de origens diversas aplicados em uma placa de xisto, afirmam os cientistas na edição da revista britânica Nature que sai às bancas nesta quinta-feira.

A dúvida já existia antes mesmo da publicação desta "descoberta" pela famosa revista americana National Geographic, em sua edição de novembro de 1999, com base no estudo de um suposto fóssil. O fóssil foi exportado de contrabando da China para os Estados Unidos e apresentado aos colecionadores ávidos por objetos raríssimos.

Em seu número publicado no mês de março seguinte, a National Geographic Society reconheceu que podia tratar-se de um "composto" que não havia sido reconhecido pela "inspeção científica".

O veredicto do exame da peça mediante uma tomografia de alta resolução de raios-X, efetuada por uma equipe de cientistas americanos, canadenses e chineses, dirigida por Timothy Rowe, da Universidade de Texas, Austin, não admite apelação: o dinossauro-pássaro de 125 milhões de anos "Archaeoraptor liaoningensis" é uma falsificação.

Além do mais, é certo que sua aparência geral é a de fósseis autênticos procedentes das mesmas camadas geológicas do Cretáceo Inferior da formação de Laioning, no nNordeste da China. Os traficantes de fósseis trabalharam com falsificações profissionais de grande nível.

As imagens digitais permitiram "recortar" a peça em camadas de 1 mm de espessura e provar que se trata de uma montagem de três camadas.

A camada superior desta espécie de sanduíche contém um mosaico de 88 segmentos separados, alguns dos quais contém ossos. Abaixo se encontram os dentes, indícios de plumas e a metade anterior de um pássaro primitivo até agora desconhecido (que será objeto posteriormente de um anúncio científico enquanto espécie nova), completado com o rabo de um pequeno dinossauro (dromeossauro). O conjunto está fixado com resina em uma placa de xisto.

"Nossa conclusão é que o arqueoraptor representa pelo menos duas espécies e que foi composto a partir de dois a cinco espécimes separados", resumem os autores da análise.

Esta falsificação não questiona, no entanto, a hipótese amplamente admitida de que os pássaros podem ter descendido dos dinossauros terópodos.

O debate a respeito dura há um século e meio, desde a descoberta, em 1861, na Alemanha, de um estranho pássaro do tamanho de uma galinha, mas com notáveis características de réptil, o arqueopteris, de 150 milhões de anos de antiguidade.




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